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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Livro e Filme: O Guia do Mochileiro das Galáxias

O Guia do Mochileiro das Galáxias é a obra máxima do autor inglês Douglas Adams.
Falecido em 2001, aos 49 anos, ele também foi famoso por escrever para o  grupo de humor Monty Python.

O Guia em si começou como série de rádio em 1978.

Devido ao sucesso, o próprio autor reescreveu a série e a compilou como livro no ano seguinte.

Mais quatro livros derivados da série vieram em seguida, dando origem a uma série de tv em 6 episódios em 1981, jogos para computador nos anos 80, algumas peças de teatro, uma série em quadrinhos nos anos 90 e a um filme para cinema em 2005.

Tudo isso devido ao sucesso da prosa humorística de Douglas Noel Adams (ou o verdadeiro DNA, como ele gostava de brincar) que lhe rendeu milhões de fãs pelo mundo todo.

Apesar de não ter formação científica, Adams era uma apaixonado por ciência e tecnologia, entusiasta de emails, computadores Macintoshes e ecologia. Era ateísta radical, mas não no sentido depressivo e sim na predileção por atos que melhorassem nossa vida presente. Também era defensor ferrenho de causas animais e de meio ambiente.

Tudo isso transparece em suas obras que, com uma prosa ácida, cínica e engraçadíssima, consegue fazer críticas a política, burocracia, ciências, experiência com animais, toda e qualquer religião organizada e também à raça humana como um todo.

O Guia consiste na história de Arthur Dent, um inglês de 30 e poucos anos, comum até demais, de como ele conseguiu escapar da Terra segundos antes de sua destruição por uma frota de demolição Vogon, com a ajuda de seu amigo Ford Prefect (que se revela alienígena) e de como iniciou suas aventuras pelo espaço em busca da pergunta fundamental sobre a Vida, o Universo e Tudo Mais.

O Guia dentro da história é um livro eletrônico contendo boa parte de todo o conhecimento galáctico que supera, segundo a própria trama faz questão de frisar, a antiga e tradicional Enciclopédia Galáctica por dois motivos: é ligeiramente mais barato e tem as palavras NÃO ENTRE EM PÂNICO estampadas em letras amigáveis na capa. (hilário, não?)

Algumas máximas do guia:
Você sabia...
-... que os seres humanos são apenas a terceira espécie mais inteligente da Terra?
-... que a resposta para a questão sobre a Vida, o Universo e Tudo Mais é 42? (Falta descobrir a pergunta)
-... que a toalha é o objeto mais importante para se levar numa viagem estelar?
-... que o melhor restaurante da galáxia fica no fim do universo?
-... que o motor de improbabilidade infinita, mais moderno da galáxia, passa por todos os lugares do universo antes de chegar ao seu destino?
-... que o robô Marvin tem o cérebro do tamanho de um planeta (figurativamente falando), mas é extremamente depressivo?
-... que se o guia do mochileiro fosse impresso em papel seriam necessários vários prédios pra guardar todas as suas páginas?
-... que uma seita alienígena compara o universo a um nariz escorrendo e aguarda o fim de tudo com a chegada do grande lenço branco?
-... que os Vogons são a espécie mais chata e burocrática da galáxia e sua poesia, a terceira pior do universo, pode ser usada em torturas?
-... que os golfinhos são a segunda espécie mais inteligente da Terra? A primeira você só descobre se acompanhar uma das versões da obra.

Fatos que podíamos morrer sem descobrir, mas por causa do Guia do Mochileiro das Galáxias aprendemos um pouco mais sobre o universo e ficamos um pouco mais felizes.

A história principal é contada nos três primeiros livros, com uma trama extremamente interligada, com fatos que ocorrem no primeiro livro só explicados no segundo e no terceiro por exemplo.

O quarto livro é um espécie de epílogo da história e o quinto é quase que uma trama paralela envolvendo os mesmos personagens apotando para situações diferentes.

Os dois primeiros são, com certeza, os melhores e absolutamente imperdíveis pelo frescor e originalidade de suas idéias.

No geral, é uma divertidíssima leitura para escapar das durezas do dia-a-dia colocando um sorriso no rosto e até aprender alguma coisa boa, já que Adams emula e debocha de teorias científicas, esconde mensagens ecológicas e usa uma preocupação filosófica milenar como fio condutor de sua trama.

Muito Recomendado!

O filme, de 2005, teve roteiro do próprio Douglas Adams junto com Karey Kirkpatrick. Adams participou ativamente da pré-produção, mas não pôde ver o trabalho final, já que morreu quatro anos antes do filme ser lançado.

Com direção de Garth Jennings, a história do filme é ligeiramente diferente da do livro, principalmente em seu desenvolvimento e final.

O personagem de John Malkovich, Humma Kavula, por exemplo, foi inventado especialmente para o filme (apesar de sua seita religiosa ser citada no livro).

Sua presença no meio da história chega a ser justificada por um fato importante do desfecho, mas fica meio solta e inconclusiva no contexto geral.

Outro destaque negativo no roteiro é o romance entre Arthur (Martin Freeman) e Trillian (Zoey Deschanel) que apesar de pontuado em alguns momentos no roteiro, não é bem desenvolvido, levando a um discurso final com jeito meio forçado e inoportuno.

O grande destaque do filme são algumas das idéias malucas e críticas de Adams colocadas com sucesso na telona tanto nos belos efeitos especiais quanto nas simpáticas animações em 2D, que ilustram as explicações dadas pela narração do guia, que tem a voz de Stephen Fry na versão inglesa e José Wilker na versão brasileira.

Ponto positivo para os Vogons animatrônicos (robôs que simulam movimento) construídos competentemente pelos estúdios Jim Henson (criador dos Muppets).

Não posso deixar de citar positivamente também a abertura musical do filme com os golfinhos cantando uma música engraçadíssima que te faz querer cantar junto e uma curta animação com figuras de crochê geradas pelo motor de improbabilidade infinita no meio da trama.

São pequenos detalhes que chamam atenção nos dias de hoje quando bem feitos a ponto de competir com animações em 3D e personagens computadorizados.

Outro item que chama a atenção é o esmero da direção de arte e fotografia ao retratar as diferenças entre a nave Vogon, toda quadrada e escura, e a nave Coração de Ouro de formas arredondadas e claras. Bem Legal.

No geral uma boa comédia de ficção científica que tem algumas inconsistências de roteiro e exagera em algumas cenas no estilo pastelão, mas com direção e atuações consistentes, preocupações filosóficas, ótimos efeitos especiais e divertidas animações totalmente a serviço da narrativa é o que esperar desse filme.

Recomendado!

Aliás, qualquer versão do Guia do Mochileiro das Galáxias, seja ela em rádio-novela, livro, série de TV, peça de teatro, jogos de videogame, quadrinhos ou cinema é recomendadíssima pra quem gosta de uma ótima história.

Até mais, e obrigado pelos peixes!
Valeu!
Ps.: Destaque para a aparição/ homenagem a Douglas Adams no fim do filme.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Quadrinhos: VERTIGO da Editora Panini

Já está na segunda edição em bancas o almanaque VERTIGO (na sua quinta encarnação brasileira), só com histórias do selo de quadrinhos adultos da editora americana DCComics (a mesma de Batman Super-homem).

O selo VERTIGO foi criado no fim dos anos 80 para incentivar escritores e desenhistas a criarem histórias com temáticas mais maduras, com o objetivo de conquistar leitores que procuravam algo diferenciando dos quadrinhos tradicionais da DC, direcionados a um público infantil e juvenil.

Nos quadrinhos da VERTIGO é comum encontrar tramas abordando sexo, drogas, política, violência e religião, de maneira muito pouco sutil, o que não dá pra fazer numa história comum de super-heróis.

Só pra citar algumas obras e seus autores famosos que já passaram pela VERTIGO: Monstro do Pântano de Alan Moore, Sandman de Neil Gaiman, 100 Balas de Brian Azzarello, Fábulas de Bill Willingham, Y - O último Homem de Brian K. Vaughn, Preacher de Garth Ennis, HellBlazer e muitas outras.
No Brasil, o selo VERTIGO tem uma história complicada. Já foi publicado, se não me engano, por 8 editoras diferentes, sendo que muitas delas cancelaram títulos deixando histórias pela metade, por causa de vendas baixas e complicações contratuais. É claro que as vendas baixas tiveram muito a ver com a (quase) inexistência de divulgação dos títulos, o que levou diretamente a preços muito altos pelas edições, consequência das baixas tiragens dos exemplares. Sem divulgação fica difícil, né?

A editora Panini, que atualmente faz um bom trabalho publicando as HQs de super-heróis tanto da DC quanto da Marvel Comics, foi quem investiu nessa última empreitada do selo lançando o almanaque VERTIGO e algumas edições especiais que retomam histórias deixadas incompletas pela editora PixelMedia, que detinha os direitos do selo anteriormente.

O atual almanaque VERTIGO tem 132 páginas e 5 histórias diferentes. Todas elas inéditas, ao menos em quadrinhos, no Brasil.

Lugar Nenhum é a quadrinização do texto de Neil Gaiman (que já foi série de TV e livro) e conta a história do contador londrino Richard Mayhew,que tinha uma vida chata e sem-graça até salvar uma mulher misteriosa chamada Lady Porta, última herdeira de uma importante família de Londres Abaixo, o submundo mágico existente nos subterrâneos da cidade de Londres.

Após esse breve encontro, a vida de Richard vira de ponta cabeça e ele tem que seguir por uma estranha jornada pelo submundo londrino para conseguir que tudo volte ao normal.

Roteirizada por um mediano Mike Carey e desenhada pelo ótimo Glenn Fabry é a série com maior apelo comercial por trazer o nome de Neil Gaiman, garantia de vendas do selo.

HellBlazer, que traz história da revista mais antiga do selo (com 262 edições americanas até agora) e mostra as aventuras do mago urbano inglês John Constantine (que já teve um filme com Keanu Reeves no papel principal).

O Barato da Vida (publicada nos EUA na edição 175 de HellBlazer) conta o reencontro de Constantine com sua irmã na Inglaterra após ter ficado quase 2 anos nos Estados Unidos e ter sido dado como morto.

O condomínio onde sua irmã mora tem sido afetado uma aura maléfica que motiva atos violentos e depressivos em todos os moradores do local.  Tudo aponta para a bondosa velhinha que mora com os filhos no último andar.

Como sempre, Constantine tem que se meter em algo que não esperava, mas dessa vez para tentar salvar sua família.

Também roteirizada por Mike Carey, tem a volta de Steve Dillon (revelado em Hellblazer há mais de 10 anos) nos desenhos.


Sandman apresenta: A Tessalíada também traz um personagem conhecido, vindo da história Um Jogo de você do Sandman de Neil Gaiman.


Thessaly é a última das bruxas da Tessália.

Extremamente poderosa e com algumas centenas de anos de idade, ela vive pacatamente disfarçada como uma jovem aluna de uma faculdade em Nova York até que é atacada por enormes cães demoníacos, que destroem seu apartamento e matam um colega de faculdade, a obrigando a partir numa jornada para descobrir quem está tentando matá-la.

Tudo isso acompanhada por um galante e falador fantasma que diz ter sido morto por ela há muitos anos atrás.

Roteiro de Bill Willingham e desenhos de Shawn McManus.

Escalpo é uma HQ totalmente inédita por aqui e acaba se tornando a grande surpresa da edição tanto por não envolver magia quanto por tratar de um tema bastante polêmico: a questão indígena americana.


Dashiell Cavalo-Ruim volta a sua reserva indígena depois de 15 anos, encontra velhos desafetos e arruma bastante confusão até que é contratado por seu tio Lincon Corvo-Vermelho, líder da reserva, como policial pra tentar botar ordem na casa.

Acontece que seu tio está envolvido em vários esquemas criminosos e caberá a Dashiell, que trabalha disfarçado para o FBI, desmascará-lo.

Sexo, drogas e jogo mostram a realidade decadente de uma nação indígena nos dias de hoje.

Roteiro de Jason Aaron e arte de R. M. Guerá.

Vikings, apesar de também ser totalmente inédita por aqui, já chega com uma certa fama por ter sido bastante elogiada lá fora.


Mais de mil anos atrás Sven, um habilidoso guerreiro varegue, é obrigado a retornar para casa no norte da Europa após ter notícias da morte do pai.

Seu tio Gorm tomou tudo que era do pai de Sven para si e mantém o povo do vilarejo controlado na base da fome e da violência.

Sven não tem o interesse em nada além do dinheiro deixado por seu pai, mas vai ter que reagir as investidas de seu tio, preocupado que ele reclame o lugar de seu pai como líder de seu povo.

Escrito por Brian Wood (o mesmo de Local) e desenhado por Davide Gianfelice.

Mesmo tendo a mesma premissa do filho pródigo que a casa torna, tanto Escalpo quanto Vikings são boas surpresas. Sendo que Escalpo empolga já na primeira edição, enquanto Vikings tem um ritmo mais lento.

HellBlazer tem uma história curta e consistente, com apresentação de novos e interessantes personagens  que mereciam novas aparições, mas o melhor da trama são as suspeitas de John que prometem ganchos para novas emoções nas próximas edições.

Lugar Nenhum é um suspense que ainda não empolgou em duas edições, apesar de ótima arte de Fabry ,e A Tessalíada surpreende positivamente no uso da metalinguagem para descrever a jornada de Thesssaly, apesar da personagem ainda não ter cativado o suficiente para merecer maior atenção.

Como todo almanaque ou revista de mix, VERTIGO é uma revista de qualidade variável, mas bastante acima da média dos atuais quadrinhos em banca. Boa para quem tá afim de experimentar coisas novas e não gosta de ver sua inteligência subestimada por (algumas) histórias de super-heróis.

Resta esperar que esta nova empreitada do selo VERTIGO no Brasil, ao contrário das anteriores, tenha uma longa vida pela Panini.

Recomendado!

Valeu!
Ps.: Ah! Vale a pena acessar o site da Panini para a linha VERTIGO com ótimas referências e informações sobre todas as séries  http://web.hotsitepanini.com.br/vertigo/

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Filme: Avatar de James Cameron

O ser humano é a pior raça do universo.

Foi uma das impressões que tive ao acabar de ver Avatar, o novo filme de James Cameron (Alien, Exterminador do futuro 1 e 2, Titanic).

Escrito e dirigido por ele, o filme chama atenção a princípio por já ter custado cerca de impressionantes 500 milhões de dólares entre produção e divulgação no mundo todo.

Também chama a atenção (e esse é o principal aspecto) pelos efeitos especiais e pela mistura de pessoas reais e computação gráfica que cria personagens através de uma avançada técnica de captura de movimentos dos atores.

O chamado Motion Capture não é novidade em Holywood. Alguns filmes de sucesso já utilizaram essa técnica, que consiste em filmar o ator em um fundo verde usando uma roupa especial que transmite sua linguagem corporal e expressões faciais para um computador que depois o integra ao filme como um, ou vários, personagens. Para citar exemplos de animações que utilizaram a técnica temos O Expresso Polar, Beowulf e o recente Os Fantasmas de Scrooge.

Em Avatar, o motion capture se destaca por ser um dos melhores já vistos na telona. Os personagens (os alienígenas Na´Vi) se movimentam e se expressam como se fossem reais, na verdade como se fossem humanos, e isso provoca a identificação instantânea do espectador com eles.

Tecnologias inovadoras a parte, o que é ruim em Avatar é a história. Não entendam mal, a trama é clássica e bem redondinha, com grande potencial pra cair no gosto popular, mas isso depõe muito contra o filme. Principalmente pela previsibilidade. Num determinado momento o espectador perde a emoção do suspense, pois a trama, escrita pelo próprio de James Cameron, dá pistas a todo momento sobre o que vai acontecer, restando a nós apenas saber como isso será mostrado.

No ano 2154, Jake Sully (Sam Worthington), um soldado que ficou paralítico, é convidado a ir ao planeta Pandora dar continuidade a missão secreta de seu irmão gêmeo que faleceu recentemente.
O projeto Avatar consiste em assumir, através de uma conexão neural-remota, o controle de um corpo híbrido de homem e Na´Vi, a espécie animal mais inteligente do planeta, com o intuito de aprender sobre os nativos e convencê-los a abandonar um território cheio do minério mais valioso do universo para que possamos explorá-lo. É claro que isso não vai acontecer tão pacificamente.


Uma das principais idéias passadas pelo filme é que os humanos são intrusões e gananciosos (pelo menos a maioria deles) e que os Na´vi são aliens que só querem ficar na deles e bem bonzinhos quando você os conhece. Lógico que você passa a torcer por eles sem esforço algum.

Cameron aposta em personagens clássicos (arquetípicos até), como o herói sem nada a perder, o mentor relutante, o aliado que vira inimigo e por aí vai.

E apesar do bom rendimento dos atores não há na história muita preocupação em se aprofundar nas motivações dos personagens.
Apesar disso, é um filme extremamente inovador nas técnicas utilizadas para misturar elementos reais com computadorizados e, diferente de muitos outros filmes do tipo, você quase não consegue saber o que foi realmente montado e o que foi criado em computador.

O mundo criado por Cameron e sua equipe está excelente no aspecto gráfico e visual por conseguir passar com perfeição a idéia de um ambiente alienígena que poderia existir. É onde você vê onde foi bem gasto todo o dinheiro da produção.

Outro aspecto positivo do filme é o subtexto ecológico, afinal os alienígenas Na´Vi vivem em equilíbrio com Pandora e conseguem se conectar a praticamente toda criatura viva do planeta através de sua trança que na verdade é uma terminação neural.

Uma grande mensagem para os dias de hoje, já que estamos quase que “comendo” o planeta do qual fazemos parte, segundo uma revista semanal de grande circulação destacou recentemente.
Um momento de reflexão é necessário em todas as faixas da sociedade para podermos solucionar esse problema afinal, se não cuidarmos da Terra, quem cuidará de nós?

Um filme bastante atraente e verdadeiro divisor de águas no aspecto gráfico e visual, que peca um pouco pela história meio batida, é que o esperar dessa obra (a primeira em 14 anos) do diretor James Cameron.

Vale muito a pena ver enquanto estiver no cinema e de preferência em 3D para aproveitar todo o visual.

Recomendado!

Valeu!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Livro: Diários do Vampiro Vol.1 - O Despertar

Romance vampiresco adolescente que foi escrito pela autora L.J. Smith em 1991, bem antes do sucesso da série Crepúsculo.
Diários do Vampiro - O Despertar (Galera Record, 2009, 236pgs.) é o primeiro volume de uma saga que conta a história do vampiro Stefan e da colegial Elena, que juntos formarão as três pontas de um triângulo amoroso com o também vampiro Damon, o irmão mais velho de Stefan.


Stefan chega na cidadezinha americana de Fell´s Church e matricula-se como aluno num colégio de ensino médio com a intenção de se estabelecer na cidade.


Conhece Elena, de 17 anos, a garota mais popular do colégio, que lembra a mulher que ele amou no passado e fica com medo de se aproximar dela. Mas ela não vai deixar o inesperado sentimento que surge por ele passar batido. É claro que eles vão se apaixonar.


A primeira metade do livro é bem cansativa e maçante por perder muito tempo nas descrições de Elena, suas amigas, seus sentimentos e suas tentativas de se aproximar de Stefan.


A história melhora um pouco nos momentos de lembrança, ao contar um pouco da origem de Stefan e de seu irmão, mas só passa a ficar mais interessante mesmo depois da chegada de Damon a cidade, pois aí se estabelece o conflito na trama. O problema é que já se passou mais da metade do livro até isso acontecer.


Um ponto forte do livro é o fato dos vampiros serem do tipo clássico, com dentes pontudos, poderes mentais, metamorfoses animais e, apesar de estarem protegidos por um anel-amuleto, são vulneráveis ao sol, podendo inclusive perder a vida se não tomarem cuidado. É claro que nenhum desses motivos salvam o livro.


Sem falar que a história perde muito da credibilidade, na minha opinião, ao não conseguir explicar com sucesso porquê diabos um vampiro da Itália do século XV, ou seja, que tem por volta de 500 anos de idade, frequentaria uma escola de Ensino Médio. Provavelmente isso será explicado nos volumes posteriores (ou não).


Claramente um livro de apresentação, sem muito a oferecer a um público mais maduro, posso dizer que esse primeiro volume é um livro declaradamente feito para meninas adolescentes por dar muita importância ao dia-a-dia da personagem Elena, que muitas vezes parece superficial, lembrando aqueles clichês de patricinhas americanas (inclusive sendo líder de torcida).


A história só engata pra valer na promessa de confronto do final que, é claro, deixa pra acontecer no próximo livro (a qual provavelmente não lerei). Mas quem gostou de Crepúsculo pode vir a gostar de ler umas das séries em que Stephenie Meyer se inspirou (ou plagiou, mesmo).


O primeiro de uma série já com 7 livros publicados no EUA, que com certeza será um sucesso de vendas por aqui, aproveitando por tabela a moda dos vampiros adolescentes e a fama do seriado de TV Vampire Diaries (que se baseou nele), exibido no canal a cabo Waner Channel desde outubro de 2009.
Recomendado pra quem quiser ler algo sobre vampiros (um pouco) melhor do que o que está na moda. É claro que se você quiser ler algo muito melhor, os romances de Anne Rice, ou mesmo o Drácula de Bram Stoker estão sempre por aí.


Valeu!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Autor: Lourenço Mutarelli

Lourenço Mutarelli é um cara sujo.

Quando digo sujo não é referente à higiene, ou mesmo a seus relacionamentos (já que não o conheço), mas sim ao cenário escolhido para os personagens de suas expressões artísticas.

Minha intenção nesse post (que ficou um pouco grande) é divulgar o autor e sua obra, fazendo um pequeno apanhado de sua carreira e resenhar três obras suas, duas de grande repercussão e uma mais recente.

Mutarelli é desenhista. Dono de um estilo expressionista (distorcido), mas com um nível de detalhamento espetacular em seus quadros, fazendo contraponto com a quase caricatura em seus desenhos de personagens, que se destacam por serem feios.
Mutarelli é escritor. E sua prosa tenta imitar sua arte ao escrever sobre fracassados, decadentes, pessoas que chegam no fundo do poço e que são obrigadas a enfrentar situações maiores ou menores que elas para poder se superar (ou não).

Tendo cursado faculdade de Belas Artes e trabalhado como desenhista nas revistinhas da Turma da Mônica, Lourenço começou a fazer sucesso de crítica nos quadrinhos em 1991 ao publicar o álbum Transubstanciação, que desenhou e escreveu.

O ápice de sua carreira de quadrinista, porém, só se deu em 1999 a partir do álbum, O Dobro de Cinco (Devir editora), início da chamada “Trilogia do Acidente”, que em 4 álbuns (isso mesmo 4), conta as várias (des)aventuras do detetive particular Diomedes em busca do desaparecido mágico Enigmo. Os outros álbuns da trilogia são O Rei do Ponto e A Soma de Tudo parte 1A Soma de Tudo parte 2.


É a saga de um investigador nada convencional. Diomedes é baixo, gordo e tem mais de 50 anos. Cheio de problemas financeiros e no relacionamento com sua esposa, acaba vendo no caso do ilusionista desaparecido a solução de todos os seus problemas.

Mas nada é o que parece ser e, entre falsos herdeiros, artistas de circo decadentes, poetas malditos, policiais corruptos, prostitutas, assassinos seriais, venenos, viagens intercontinentais e quadrinistas convencidos, Diomedes se engana se as coisas sairão como ele gostaria. Afinal, segundo ele, o mágico é a única criatura na face da Terra que tem o direito de desaparecer.
O próprio autor já declarou que pretendia matar Diomedes no primeiro álbum, que tem o final em aberto, mas não fez isso devido ao sucesso do personagem e decidiu produzir continuações a sua trama.

Uma ótima história de detetives que quase toca o sobrenatural, cheia de frases de efeito, reviravoltas e citações a filosofia e a mitologia grega, tudo isso envolto em um grande mistério, em páginas permeadas de aparições de personagens famosos entre os figurantes é o que esperar dessa trilogia em 4 livros.

Recomendado!

Em 2002, já famoso no meio dos quadrinhos nacionais, Mutarelli surpreende ao lançar timidamente, junto com última parte da história de Diomedes, um romance literário chamado O Cheiro do Ralo, que acabou virando filme em 2006, com direção de Heitor Dhalia e um Selton Mello escrotamente perfeito no papel principal, além do próprio Lourenço fazendo uma participação como ator.

O Cheiro do Ralo (Devir editora, 2002) é a tragicômica história de um homem (que no cinema foi chamado de Lourenço, mas no livro não chega a ter nome) em direção ao fundo do poço.

Dono e único balconista de uma loja de compra de objetos usados, ele começa a sentir um insistente cheiro de merda vindo do banheiro de seu escritório.

Seu trabalho é passar os dias negociando e, às vezes, humilhando seus clientes e em troca dá dinheiro por objetos velhos. Ele se apaixona obsessivamente pela bunda de uma garçonete que mal lembra o nome e o rosto e termina com sua noiva, enquanto tenta de tudo para acabar com o cheiro de merda que sai do ralo do banheiro. Chega ao ponto de achar que o cheiro vem dele.
Narrada pelo próprio personagem a história tem passagens engraçadíssimas, as vezes de humor-negro, que dão charme a trama e amenizam o verdadeiro objetivo que é mostrar o processo de decadência de um personagem.

Mestre das descrições cotidianas e das frases curtas, Mutarelli conseguiu como ninguém imprimir realismo e dinâmica a história que é devorada por um bom leitor em poucas horas. Com uma prosa ácida, divertida, suja e sexy, este ainda é seu melhor romance.

Recomendado.

Escreveu mais quatro romances e algumas peças de teatro desde o sucesso feito pel´O Cheiro do Ralo. Em contrapartida lançou apenas mais um álbum em quadrinhos em 2005. Em 2006 declarou em várias entrevistas que não pretendia mais fazer quadrinhos, pois desenhava muito lentamente e viu na literatura uma chance de ganhar a vida sem precisar ter tanto trabalho.

Dizem que para ser um bom escritor basta escrever sobre o que conhece e Lourenço Mutarelli leva isso ao pé da letra. Suas histórias são, em sua grande maioria, urbanas e contemporâneas, quase sempre se passando na cidade onde ele mora, São Paulo. A prosa de Mutarelli tem o ponto forte de fazer você ler páginas e páginas de situações que podem parecer triviais, mas que estabelecem o tom e a credibilidade de seus personagens.

Seus personagens são pessoas decadentes, atormentadas por erros do passado, tocados pela loucura. Quase um retrato do próprio autor que admite tomar remédios controlados em prevenção a depressão a aos ataques de síndrome do pânico que teve quando mais jovem. Hoje ele é casado, tem um filho e diz viver no momento mais feliz de sua vida, mas admite ainda ter muita coisa estranha pra tirar de sua mente distorcida e colocar no papel.
Seu último romance, Miguel e os Demônios (Companhia das Letras, 2009), me deixou um pouco perturbado ao comprovar isso.


É a história de Miguel, um policial quarentão que, divorciado da esposa e sem a guarda do filho, volta a morar com o pai. Namora uma manicure com duas filhas pequenas e outros problemas do passado e, ao ir investigar a descoberta de uma múmia mexicana atrás de uma parede, fica fascinado por alguém que pode colocar em risco seu relacionamento com seu chefe, sua namorada e seu emprego.

Escrito propositalmente com a estrutura de um roteiro de cinema, Mutarelli dá mais espaço ao diálogo do que a narrativa e consegue repetir o estilo do seu romance de maior sucesso ao criar frases curtas e descritivas que dinamizam e agilizam a leitura. Mas diferente de O Cheiro do Ralo, esse livro não tem o humor como elemento de diluição da tensão e pode ser classificado sem medo na categoria dos dramas policiais contemporâneos. Ou dos dramas apocalípticos pós-modernos. Depende do ponto de vista.

Policiais truculentos, pedofilia, seitas satânicas, teorias da conspiração, travestis, múmias, auto-multilação e vingança pessoal permeiam esse romance quase apocalíptico.

Na minha opinião, não chega a ser melhor que O Cheiro do Ralo, mas com certeza supera seu romance anterior A Arte de Produzir Efeito Sem Causa (Companhia das Letras, 2008), em que o personagem principal também volta para a casa do pai depois de se afastar da esposa, mas num contexto completamente diferente, claro.


Mesmo um pouco repetitivo, Mutarelli, depois de nove álbuns de quadrinhos, cinco romances e quatro peças de teatro, ainda é um autor nacional contemporâneo de qualidade surpreendentemente alta.

Só pra atualizar, depois da ponta como segurança que fez no filme d´O Cheiro do Ralo, Mutarelli decidiu investir na formação de ator. Fez algumas pontas em curtas, atuou em peças de teatro e aceitou o convite para estrelar o segundo filme baseado em um livro seu, O Natimorto, que já foi exibido em vários festivais pelo país e teve pré-estréia em São Paulo.

E um filme baseado em O Dobro de Cinco também já tem sido divulgado pela rede, inclusive com foto e trailer, mas parece que falta grana para começar a produção.
É mesmo um pena que ele não faça mais quadrinhos. Mas que venham mais romances e filmes!

Recomendadérrimo!

Valeu!!

Links Interessantes sobre o autor:
=== Seu perfil e seus álbuns de quadrinhos pela editora Devir: http://www.devir.com.br/mutarelli/index.htm
+ Escreveu para o projeto Amores Expressos em 2007:  http://blogdolourencomutarelli.blogspot.com/
=== Seu blog atual, jogado às moscas desde setembro de 2009: http://lourencomutarelli.blogspot.com/

sábado, 5 de dezembro de 2009

Seriado: Supernatural

E como estou falando de seriados, não custa chamar a atenção para a 5a. temporada do seriado de fantasia-suspense-terror Supernatural, que passa atualmente no Warner Channel Brasil e narra as aventuras dos irmãos Sam e Dean Winchester caçando demônios e todo tipo de criatura sobrenatural na base da faca, estaca de madeira, espingarda de sal e outras armas não tão óbvias pelos Estados Unidos.

Admito que nunca fui muito fã do seriado e, apesar de ter assistido ocasionalmente, não acompanhei as três primeiras temporadas.
Meu interesse mudou a partir da 4a temporada, quando Dean (Jensen Ackles), o irmão mais velho, foge do inferno com uma ajudinha de nada menos que anjos (que não tinham aparecido na série até agora) e dá início ao rompimento dos 7 selos que trarão o apocalipse.

A caracterização dos anjos como criaturas que, apesar de se manifestarem na Terra possuindo o corpo de humanos somente com a sua permissão, não são tão bonzinhos quanto parecem, podendo ser tão cruéis, sádicos e manipuladores quanto os demônios (o que me lembrou o ótimo filme Anjos Rebeldes) é o que a princípio me atraiu para a 4ª temporada da série.
Além do envolvimento de anjos trazer renovação a uma trama que antes que era dominada pela busca ao pai desaparecido, confrontos com demônios e vingança pela morte da mãe, o que mais me prendeu a essas 4a e 5ª temporadas foi a capacidade do seriado em não se levar tão a sério.
Não me entenda mal, os irmãosWinchester estão realmente preocupados em impedir o apocalipse de acontecer e tal, mas os produtores e escritores aprenderam a usar com sucesso o humor como elemento de diluição da tensão. Geralmente no relacionamento entre os irmãos ou em situações absurdas que os personagens reconhecem como tal, mas ainda tem que achar um jeito de sair delas.

Uma delas em especial, que teve início na 4ª temporada, é o fato dos irmãos descobrirem que foram transformados em personagens de uma série de livros de relativo sucesso que relata todas as aventuras que viveram desde o início do seriado. Isso se dá através de um escritor denominado pelos anjos como profeta moderno, que consegue sintonizar nos seus sonhos a vida dos irmãos Winchester e vê na literatura a forma de tirar proveito econômico dessas visões que não o deixam em paz.

Sam e Dean não gostam nada de ter suas vidas, aventuras e desventuras devassadas para um bando de pessoas que acham que eles não são reais e isso acaba rendendo um dos mais engraçados episódios, tanto da 4a quanto da 5a temporada, pela metalinguagem explícita através de críticas ao próprio formato da série, sempre na fala de outros personagens, claro.
Pra quem quer saber o rola atualmente na trama (quem não quiser não precisa ler o que vem a seguir):
No final da 4ª temporada, Sam (Jared Padalecki), o irmão mais novo, mata o demônio Lilith e acidentalmente quebra o sétimo e último selo que prendia Lúcifer (Mark Pellegrino) ao inferno, trazendo-o para a Terra e dando origem ao apocalipse bíblico. No início da 5a temporada, eles descobrem que todo o processo de quebra dos selos foi na verdade um plano dos anjos para apressar a destruição do mundo, já que Deus há tempos os abandonou nos Céus para vagar na Terra e eles não fazem idéia de onde ele possa estar.
Agora, os irmãos, ajudados pelo anjo rebelado Castiel (Misha Collins) tem que enfrentar tanto anjos quanto demônios, impedir Lúcifer de despertar os 4 cavaleiros do apocalipse, enquanto procuram Deus e adiam a utilização da Terra como campo da batalha final entre anjos a demônios.
A sub-trama da busca por Deus, mesmo que ainda não encarada até o 10º episódio, me surpreendeu e me fez acompanhar esta 5ª temporada por lembrar o gibi Preacher, um dos quadrinhos adultos mais elogiados dos últimos tempos.


A história de Preacher (já finalizada nos EUA) trazia um Pastor acidentalmente encarnado com o poder da voz de Deus (que obriga a qualquer um fazer o que ele quer) acompanhado de sua ex-namorada, que agora é assassina de aluguel, e de um vampiro irlandês beberrão procurando por Ele através dos EUA. Foi uma série muito bem escrita, que não é recomendada para pessoas fracas, por freqüentemente abordar temas pesados, além de ter muitas cenas fortes.

Com atuações que vão de boas a medianas, produção acima da média, trilha regada a Rock´N Roll Clássico e roteiros inspirados em filmes, quadrinhos e na própria bíblia, a 5ª temporada de Supernatural é uma ótima pedida pra quem procura uma série de fantasia-suspense-terror com uma pegada diferente.

Recomendado!

Valeu!
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