Indiscutivelmente, os zumbis estão na moda. Depois de Vampiros, Lobisomens e Super-heróis agora é a vez dos Mortos-Vivos tomarem de assalto a cultura POP.
Sua fome por carne viva e cérebro fresco já foi tema de produções no cinema, nos quadrinhos, na TV e em vários livros de ficção. Todos abordados pelo ponto de vista humano.

Primeiro num conto curto e depois em Sangue Quente (Warm Bodies, 256 págs.) seu primeiro romance que a editora Leya acaba de lançar aqui no Brasil.
R é um zumbi. Após uma praga desconhecida dizimar a civilização humana e transformar muitos em Mortos-Vivos, ele passa a vida (ou melhor, o pós-vida), vagando pelos salões destruídos de um aeroporto, brincando nas escadas rolantes e, eventualmente, indo até a cidade com os outros a procura de carne viva para comer.
Numa das buscas por alimento, ataca um grupo de adolescentes e, ao devorar o cérebro do líder deles, Perry, tem pequenos flashes de memória da vida e paixões do próprio. Acaba reconhecendo uma delas ali mesmo: sua namorada Julie. Sentindo algo que julgou nunca mais sentir dentro de si mesmo, R impede que outros a devorem e a leva para seu esconderijo no aeroporto.
Ainda nos primeiros estágios de decomposição, R consegue articular algumas sílabas para se comunicar, mas sua diferença dos outros zumbis está no pensamento. Ele raciocina melhor que muitos. Não sabe de sua vida anterior e só lembra a primeira letra (daí o R) de seu nome, mas filosofa, critica, brinca e lamenta sua própria condição de morto-vivo até que a presença da menina ao seu lado começa a lhe despertar algo novo por dentro e por fora.
R está mudando e vai depender de Julie pra que essa mudança se desenvolva. O problema é que os outros zumbis, os humanos restantes até (a princípio) a própria Julie vão resistir contra isso.
Uma trama que surpreende pela forma como é narrada: por um zumbi. O autor Isaac Marion inova colocando nas palavras de R questões existenciais, críticas sociais e reflexões artísticas através de uma prosa despretensiosa e bem-humorada.
R é um zumbi filosófico e melancólico, porém bem espirituoso que enfrenta problemas pra definir a vida em função da própria morte. Essas reflexões e descrições críticas e bem-humoradas do dia-a-dia de um zumbi são o ponto alto da primeira parte do livro.
Na segunda parte, Marion mostra a nova sociedade humana (que cria comunidades dentro de gigantescos estádios esportivos), desenvolve as motivações e psiquês de Julie e Perry e insere as críticas a organização social. Sobrando uma citação rápida a favelas brasileiras.

Uma verdadeira metáfora para a chegada da maturidade.
O livro ainda contém ilustrações de partes do corpo humano abrindo cada capítulo (como um manual de anatomia) e o texto faz várias referências e citações a música de Frank Sinatra e John Lennon.
O livro foi distribuído primeiramente nos EUA de forma independente (com o dinheiro do próprio autor) em 2009 e, por causa do sucesso, teve várias reimpressões até ter seus direitos comprados para o cinema e uma grande editora se interessar e lançá-lo oficialmente ano passado.
A aposta da editora foi tanta que até um trailer (prática que já é comum aos grandes lançamentos nos EUA) foi desenvolvido para o livro. Confira abaixo (em inglês, claro).
O livro ainda contém ilustrações de partes do corpo humano abrindo cada capítulo (como um manual de anatomia) e o texto faz várias referências e citações a música de Frank Sinatra e John Lennon.
O livro foi distribuído primeiramente nos EUA de forma independente (com o dinheiro do próprio autor) em 2009 e, por causa do sucesso, teve várias reimpressões até ter seus direitos comprados para o cinema e uma grande editora se interessar e lançá-lo oficialmente ano passado.
A aposta da editora foi tanta que até um trailer (prática que já é comum aos grandes lançamentos nos EUA) foi desenvolvido para o livro. Confira abaixo (em inglês, claro).
E mesmo assim, com o desfecho um pouco fraco e com o comentário positivo de Stephenie Meyer (autora da série Crepúsculo) na capa, ainda dá pra ser fisgado pela bela construção narrativa de Marion no livro que, uma vez começado, só te fará largá-lo em algumas horas e só quando for absolutamente necessário.
Sem dúvida o livro mais surpreendente de 2011. E que já está com o roteiro pronto e atores escalados pra ser filmado em Hollywood.
Sem dúvida o livro mais surpreendente de 2011. E que já está com o roteiro pronto e atores escalados pra ser filmado em Hollywood.
Vale (bastante) a pena!
Recomendado.
Valeu!
Valeu!
Ps.:
Entrevista com autor (em português): http://fansfanatic.blogspot.com/2011/05/apos-vampiros-zumbis-sao-nova-aposta-do.html
Conto original (em inglês): http://www.burningbuilding.com/filledwithlove.htm