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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Livro: Sangue Quente

Indiscutivelmente, os zumbis estão na moda. Depois de Vampiros, Lobisomens e Super-heróis agora é a vez dos Mortos-Vivos tomarem de assalto a cultura POP.

Sua fome por carne viva e cérebro fresco já foi tema de produções no cinema, nos quadrinhos, na TV e em vários livros de ficção. Todos abordados pelo ponto de vista humano

O que o autor Isaac Marion audaciosamente fez foi diferente. Ele decidiu abordar a questão do ponto de vista dos comedores de cérebro.

Primeiro num conto curto e depois em Sangue Quente (Warm Bodies, 256 págs.) seu primeiro romance que a editora Leya acaba de lançar aqui no Brasil.

R é um zumbi. Após uma praga desconhecida dizimar a civilização humana e transformar muitos em Mortos-Vivos, ele passa a vida (ou melhor, o pós-vida), vagando pelos salões destruídos de um aeroporto, brincando nas escadas rolantes e, eventualmente, indo até a cidade com os outros a procura de carne viva para comer. 

Numa das buscas por alimento, ataca um grupo de adolescentes e, ao devorar o cérebro do líder deles, Perry, tem pequenos flashes de memória da vida e paixões do próprio. Acaba reconhecendo uma delas ali mesmo: sua namorada Julie. Sentindo algo que julgou nunca mais sentir dentro de si mesmo, R impede que outros a devorem e a leva para seu esconderijo no aeroporto.

Ainda nos primeiros estágios de decomposição, R consegue articular algumas sílabas para se comunicar, mas sua diferença dos outros zumbis está no pensamento. Ele raciocina melhor que muitos. Não sabe de sua vida anterior e só lembra a primeira letra (daí o R) de seu nome, mas filosofa, critica, brinca e lamenta sua própria condição de morto-vivo até que a presença da menina ao seu lado começa a lhe despertar algo novo por dentro e por fora. 

R está mudando e vai depender de Julie pra que essa mudança se desenvolva. O problema é que os outros zumbis, os humanos restantes até (a princípio) a própria Julie vão resistir contra isso.

Uma trama que surpreende pela forma como é narrada: por um zumbi. O autor Isaac Marion inova colocando nas palavras de R questões existenciais, críticas sociais e reflexões artísticas através de uma prosa despretensiosa e bem-humorada

R é um zumbi filosófico e melancólico, porém bem espirituoso que enfrenta problemas pra definir a vida em função da própria morte. Essas reflexões e descrições críticas e bem-humoradas do dia-a-dia de um zumbi são o ponto alto da primeira parte do livro.

Na segunda parte, Marion mostra a nova sociedade humana (que cria comunidades dentro de gigantescos estádios esportivos), desenvolve as motivações e psiquês de Julie e Perry e insere as críticas a organização social. Sobrando uma citação rápida a favelas brasileiras.

Apesar do clímax com reviravoltas um tanto cansativas e do final da trama ser cheio de lugares-comuns, a prosa em primeira pessoa é um prato cheio para o autor destilar vários comentários sobre mudanças de visão e o potencial de cada ser humano através do olhar de um zumbi. 

Uma verdadeira metáfora para a chegada da maturidade.

O livro ainda contém ilustrações de partes do corpo humano abrindo cada capítulo (como um manual de anatomia) e o texto faz várias referências e citações a música de Frank Sinatra e John Lennon.

O livro foi distribuído primeiramente nos EUA de forma independente (com o dinheiro do próprio autor) em 2009 e, por causa do sucesso, teve várias reimpressões até ter seus direitos comprados para o cinema e uma grande editora se interessar e lançá-lo oficialmente ano passado.

A aposta da editora foi tanta que até um trailer (prática que já é comum aos grandes lançamentos nos EUA) foi desenvolvido para o livro. Confira abaixo (em inglês, claro).
E mesmo assim, com o desfecho um pouco fraco e com o comentário positivo de Stephenie Meyer (autora da série Crepúsculo) na capa, ainda dá pra ser fisgado pela bela construção narrativa de Marion no livro que, uma vez começado, só te fará largá-lo em algumas horas e só quando for absolutamente necessário.

Sem dúvida o livro mais surpreendente de 2011. E que já está com o roteiro pronto e atores escalados pra ser filmado em Hollywood.

Vale (bastante) a pena!

Recomendado.

Valeu!
Ps.:

5 comentários:

Jacques disse...

Realmente, Duda, os zumbis são a mais nova temática a ser explorada até a exaustão, pelo bem ou pelo mal.
Fiquei curioso a respeito deste livro, que parece ser direcionado ao público feminino, mas a temática é interessante.
Vou pesquisar mais sobre ele.
Valeu.

Morcego com Chocolate disse...

Gostei tanto deste livro que até fiz uma homenagem para ele acho que ficou legal... http://www.youtube.com/watch?v=9duLlF5fOxE

Magda Souza disse...

Olá Pessoal!

Estou lendo o livro e A-MAN-DO.
O jovem aprendiz da empresa em que trabalho, Bruno Dupret, q também está escrevendo um livro sobre os zumbis, que me ofereceu!
Li duas páginas, ainda em minha mesa e não vi a hora de pegar o frescão para a casa e poder ler mais. Li 40 páginas em 1 hora! Com todas as náuseas que tenho por ler em ônibus! rs!

O livro é envolvente...apesar de todos os defeitos que ele possa ter mas, que só os críticos e estudados conseguem dissertar. Mas ainda sim, é apaixonante!
E vc se apaixona pelo R.
Quase posso me ver no lugar da Julie.

Por mais absurda (e linda) que possa parecer a história, a considero boa, quando sinto vontade de continuar a leitura. E essa, não vejo a hora de terminar.

Recomendo! Mas leiam e sintam a história do ponto de vista de R.
Iamginem.....sonhem.....e essa será uma das leituras mais simples e inesquecíveis de suas vidas.

Quando terminar, volto para dar meu parecer.

Saudações,
Magda Souza

Magda Souza disse...

Pessoal,

como falei...voltei para dar meu parecer.

E o livro, vale muito a pena ser lido!
Por todos os motivos.
Em alguns momentos ele é melancólico mas, os dialógos entre a Julie e o R, são fascinantes, apaixonantes....vc realmente viaja.

O final do livro não chega a ser óbvio mas, tem um tom leve de moralismo que nos faz pensar na realidade de nosso cotidiano e o quanto somos mesquinhos e superiores.

Tem sua dose de aventura e ação.
Quando cheguei as últimas páginas não pude parar de ler.
Cheguei em casa, tomei um banho, não liguei rádio, nem televisão nem nada. Apenas deitei na cama e li até dormir. Sobraram apenas 20. Que devorei no ônibis indo para o trabalho.

Acho que o Isaac, foi muito feliz com essa idéia.

E a Sthepene Meyer (não sei pq odeiam tanto ela, ela apenas foi audaciosa ao colcoar vampiros que brilham no sol e lobos sem pêlos mas, enfim) ela foi sicnera em seu comentário.

Vc realmente se apaixona pelo R e fica com a história na cabeça e no coração.

Beijos a todos!

Anônimo disse...

Li o livro em um dia e achei a história muito interessante.É bom para variar um pouco dos vampiros que estão tão em moda e o R é um personagem encantador.Quem já não se viu no impasse de saber o que dizer e não conseguir colocar em palavras?Nunca pensei que um Zumbi fosse se mostrar um conquistador,mesmo sem querer.

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