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terça-feira, 26 de julho de 2011

Filme: Cilada.com

Quem vai ao cinema esperando ver um ótimo seriado de TV na tela grande pode ir tirando o cavalinho da chuva. 

Cilada.com (2011), filme nacional dirigido por José Alvarenga Jr. (diretor de Os Normais 1 e 2), passa longe do divertido, inteligente, metalingüístico e até um pouco trash seriado criado e estrelado por Bruno Mazzeo para o canal a cabo Multishow.

O que mais impressiona é que a culpa por isso não pode ser atribuída apenas ao diretor visto que Mazzeo também estrela e divide com Rosana Ferrão o crédito pelo roteiro do filme.

Bruno (Bruno Mazzeo) é exposto traindo a namorada Fernanda (Fernanda Paes Leme) numa festa de casamento e ela, pra se vingar, coloca na internet um vídeo de uma transa em que ele terminou muito rápido. 

A princípio ele tenta refutar o vídeo através de depoimentos de ex-namoradas, depois tenta gravar outro vídeo com uma transa mais longa para só então se dar conta que deve voltar pra namorada.

O roteiro é uma coleção de cenas e piadas até divertidas, mas falha em dois quesitos primordiais: consistência narrativa e identificação do público com o personagem.

Os autores do filme declaram (Mazzeo mesmo disse em várias entrevistas) que se trata de uma comédia ROMÂNTICA, mas fica difícil de crer nisso quando, em determinado ponto do filme, tudo leva a crer que os problemas do personagem serão resolvidos quando ele conseguir dizer “eu te amo”, algo que ele nunca disse a namorada em dois anos de relacionamento.

Outra coisa que atrapalha o romantismo do filme é o fato do roteiro fazer questão de frisar, através de algumas lembranças do personagem (a do acampamento e do cinema), o quanto Fernanda é uma boa namorada pra ele, mas não nos convence em nenhum momento que Bruno é um bom namorado pra ela.

Nem mesmo o comprovado carisma do ator nos fazem torcer pelo personagem visto que depois do vídeo ele tenta se vingar da namorada pegando algumas mulheres (e sem querer um travesti) e só após ter falhado nessas tentativas, com pouquíssimas demonstrações de arrependimento, é que decide falar as palavrinhas mágicas e tentar voltar pra ela.

Num outro tipo de análise, a relação entre os dois estaria mais pra uma co-dependência afetiva. Algo mais doentio num sentido psicológico do que explicitamente romântico.

No quesito comédia o filme é até bom (considerando que o humor é só metade da narrativa).

O destaque aí vai pros personagens que rodeiam o protagonista como o vidente (Luis Miranda) e o cineasta Marconha (Serjão Loroza) que roubam as cenas em que aparecem.

Fúlvio Stefanini também está muito bem caracterizado como chefe de Bruno e sua atuação na sequência em que conversa com a filha por telefone provoca gargalhadas na platéia.

É uma pena que a subtrama em que Stefanini aparecia (mais um exemplo da falta de consistência do roteiro) não tem um fechamento, sendo esquecida num determinado ponto do filme.

Há sim boas idéias que confirmam o talento de Mazzeo pra escrever comédias (como as já citadas seqüências do vidente, cineasta e do chefe), mas outras (como a escatológica seqüência de grupo de apoio a ejaculação precoce) passariam bem melhor sendo apenas idéias.

No final do filme a sensação que se tem é que a história foi construída com base num piada alongada demais permeada por uma coleção de piadas menores que não se sustentam como narrativa longa e, muito menos, como comédia romântica.

É melhor continuar na TV.

Valeu!

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