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sábado, 20 de dezembro de 2008

Dica de Quadrinhos: MoonShadow

Fim-de-ano logo aí, férias começando e o blog voltando.

Como já fazia um tempo que não escrevia nada aí vai uma dica de um dos meus quadrinhos preferidos e que marcou muito uma época da minha vida.

Numa época diferente da atual, em que os quadrinhos pintados eram visto com estranheza e uma série em 12 edições em formato americano era coisa difícil de se imaginar no Brasil, a editora Globo teva a coragem de lançar MoonShadow: Um conto de fadas para adultos nas bancas nacionais.

Escrita por J. M. DeMatteis e ilustrada por pintores do nível de Jon J. Muth, Kent Williams e George Pratt, essa série (lançada lá fora em 1985 e editada aqui em 1990) conta a história de vida do personagem título, desde antes de sua concepção até a perda de sua inocência, aos 16 anos.

Com grande influência da cultura hippie norte-americana (da qual a mãe de Moonshadow fez parte), refletida principalmente nos nomes de lugares e personagens, DeMatteis (que era conhecido até então pelo seu trabalho na Liga da Justiça em sua fase engraçada) arma a história do despertar de um menino para a fase adulta recheada de referências literárias, aventura, suspense, loucura, situações engraçadas, críticas a guerra, amor, morte, questionamento da própria existência e do lugar que cada um ocupa no universo e, enfim, tudo aquilo que nos acompanha na entrada para a maturidade.

Sob o ponto de vista de um Moonshadow há muito já adulto, começamos acompanhando a história de sua mãe, a hippie Sunflower, de como ela foi raptada, largada, casada, engravidada, e largada novamente pelos alienígenas G L'Doses, grandes bolas brilhantes e sorridentes sem nenhum propósito compreensível de existência, a não ser capricho, no auge dos protestos contra a guerra do Vietnã.

Nascido num lugar chamado de Zôo, onde viviam seres de várias outras raças também raptados e largados lá sem nenhum motivo aparente pelos caprichosos GL'Doses, o garoto cresce acompanhado pelo amor incondicional de sua mãe e tendo como únicos amigos: um gato preto chamado Frodo; um bicho, de origem desconhecida, peludo, mau-humorado, boca-suja e louco por sexo, conhecido como Ira (que lembra o primo It da Família Adams na aparência); e, a pedido de sua mãe, a maior e mais incrível biblioteca da Terra, único presente que recebera de seu sorridente pai desde de seu nascimento.

Ouvindo as histórias da mãe, se aventurando no meio de alienígenas pelo Zôo com Frodo, ocasionalmente sendo enxotado e xingado pela escolhida figura paterna de Ira (a quem amava apesar de tudo) e amando e devorando as histórias dos livros de sua biblioteca, Moonshadow se torna um adolescente sensível e sonhador.
Até que aos 14 anos, seu pai (a bola brilhante e sorridente) o expulsa do Zôo, junto com sua mãe, Frodo, Ira e uma nave especialmente preparada pra eles, sem nenhum motivo aparente.

É então que ele inicia, em sua próprias palavras: "sua jornada para o despertar", conhecendo a morte, a loucura, a guerra e o amor até sua entrada na vida adulta.

Quando comprei todas as doze edições juntas num sebo em 1997, admito que não dei muito crédito e só procurava algo pra fugir da espera pelas histórias do Super-Homem e dos X-men que demoravam um mês inteirinho pra continuar nas bancas. Foi só começar a ler pra ter aquela impressão de estar segurando ouro nas mãos.

Foi a melhor história que tinha lido até então.

É claro que isso já tem mais de dez anos e eu tinha praticamente a mesma idade de Moonshadow.

Tive que relê-la há pouco tempo pra poder detalhar melhor minha opinião e, principalmente, ver se ela continuava a mesma.O texto de DeMatteis, possui uma qualidade quase poética, como se fosse mesmo um conto de fadas (cada edição se inicia com a citação de um autor de lingua inglesa) e as pinturas dos quadros complementam muito bem a atmosfera da trama.

Em muitos momentos você sabe da história apenas pelo texto, tendo as ilustrações uma função só de contrapor a beleza estética-visual com a beleza da prosa poética como num livro infantil. Isso faz com que a narrativa em quadrinhos fique parada e sem vida em algumas ocasiões e esse é um dos poucos defeitos da obra.

Hoje percebo também que o texto se torna cansativo, conforme a história ruma para o final, mas nada que as belas imagens, a expectativa criada pela história e a simpatia pelos personagens não salvem.

Afinal, depois de uma jornada tão rica o final já não é mais tão importante quanto era no início.

Todos deveriam dar ao menos uma lida em Moonshadow, afinal, todos nós, no fundo, somos, seremos ou já fomos como ele um dia.

Valeu!

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