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quarta-feira, 21 de abril de 2010

Livro: A Mulher do Viajante No Tempo

Será que o amor resiste ao tempo? Muitas histórias já responderam essa pergunta.

Mas será que o tempo resiste ao amor?

É o que tenta responder a escritora e artista plástica Audrey Niffenegger em seu primeiro, e elogiadíssimo, romance: A Mulher do Viajante No Tempo (The Time Traveler´s Wife, 496 págs.) que vendeu 5 milhões de cópias e já foi traduzido para 33 idiomas. 

Foi lançado no Brasil em 2004, e reeditado em 2009 pelo selo Suma das Letras da editora Objetiva por conta da estréia da adaptação para os cinemas que aqui ficou conhecida como Te Amarei para Sempre (do qual falei aqui.)

Henry tem uma condição genética rara: ele viaja no tempo. Só que ele não controla pra quando nem pra onde vai. Essa quase maldição em sua vida muda de foco quando, aos 28 anos, é abordado por uma jovem de 20 anos que parece conhecê-lo há muito tempo. Clare encontra o Henry do futuro desde os seis anos de idade por causa de suas viagens. No tempo presente, logo engatam um romance e vivem um casamento com muito amor, algumas felicidades e vários percalços que só um viajante do tempo involuntário pode oferecer.

Romance de estréia da autora que surpreende pela leveza e sensibilidade que contrastam com a complexa e espetacular montagem não-linear da história, ou seja, apesar de haver uma evolução dos personagens, existe a todo momento idas e vindas (que não são flashbacks) no tempo da história.

As descrições meticulosas de Audrey fazem toda a diferença para a ambientação e verossimilhança da história, que é narrada pelos dois personagens alternados, ou seja, as vezes uma cena começa pela descrição de Clare e de repente é interrompida pela visão de Henry da mesma situação. 

Claro que as narrações são devidamente pontuadas pela autora, que sempre avisa quem está narrando naquele momento, mas não há como evitar alguns equívocos e confusões do leitor que faz uma leitura rápida e desatenciosa. O que não é recomendado para esse livro.

É daquele tipo de história em que várias vezes você se pega vivendo com os personagens. Sua leitura é como acompanhar o dia-a-dia de um personagem de uma (boa) novela de tv, pois apesar da motivação fantástica (viagens no tempo) qualquer pessoa que já viveu uma relação a dois consegue se reconhecer ali.

Dá pra entender o porquê disso quando se conhece um pouco da vida da autora. Audrey parece ter colocado boa parte de sua experiência de vida no livro. Em particular na personagem de Clare, que também é artista plástica e tem a aparência física e um núcleo familiar bem parecido com o da autora.

Audrey faz questão de usar sempre lugares reais da cidade de Chicago e redondezas, onde mora a muitos anos, para a ambientação do livro. Na verdade, Chicago, seus restaurantes, bibliotecas e discotecas recorrentes são quase um personagem da história.

Outro detalhe importante são as referências artísticas que a autora inseriu na história. A afinidade entre Henry e Clare é sempre justificada por algum livro, pintura, poema e música que os dois gostam ou por alguma obra que discordam e acabam discutindo. 

Fiquei muito impressionado com as referências nada óbvias feitas a bandas de rock dos anos 90, que os personagens ouviam na juventude, em contraste com a música clássica que aprenderam a apreciar na maturidade.

Uma história com um desenvolvimento surpreendentemente natural que mostra o intervalo de quase 30 anos de convivência de um casal. Ta tudo lá: as descobertas, a paixão, o casamento, as mortes na família, a tentativa de ter filhos. Tudo permeado por um amor inabalável construído há tantos anos.

O que pra Clare começa como uma inocente amizade de menina acaba se transformando em companheirismo e posteriormente amor pelo Henry do futuro conforme ela envelhece. Ao conhecer enfim o Henry do presente, ela se vê obrigada a rever a imagem idealizada da pessoa que a visita esporadicamente há 14 anos para aprender a viver e a construir uma vida com o homem real, cheio de defeitos. Não vai ser fácil. Mas a vida também não é.

Recomendadíssimo!

Valeu!

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