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quinta-feira, 10 de abril de 2008

Dica de Livro: O Homem do Castelo Alto

Philip K. Dick (1928-1982) foi um cara revolucionário.

Mas, ao contrário da maioria dos escritores de ficção científica, ele não estava muito interessado em inventar modas ou prever tecnologias futuristas (apesar disso estar presente em suas obras).

Seu maior mérito foi dissecar a natureza dupla do ser humano.

Autores como Isaac Asimov, por exemplo, exploraram muito bem o dilema do que é ser humano através de comparações com robôs e inteligências artificiais, mas não chegam aos pés de Dick quando o assunto é duplicidade.

As obras mais conhecidas dele atestam isso.

Blade Runner- o caçador de andróides (com Harrison Ford), Vingador do Futuro (com Arnold Schwarzenegger), Minority Report- a nova lei (com Tom Cruise), O Homem Duplo (com Keanu Reeves), O Pagamento (com Ben Afleck) são alguns filmes baseados em livros e contos de Philip K. Dick.

Holywood deve ter fila de atores sempre que um filme baseado em obras dele é anunciado (é só olhar o naipe dos que estrelaram esses filmes).

No livro O Homem do Castelo Alto (Editora Aleph, 2007), escrito em 1962, essa duplicidade humana parece se estender pra própria realidade.

O que aconteceria se a Alemanha e o Japão tivessem ganho a 2a. Guerra Mundial? É o ponto de partida do livro.

A história se passa na década de 1960 e através dos olhos de quatro personagens principais (e alguns secundários), somos apresentados à situação política, econômica e social de um mundo dividido entre as duas principais potências do Eixo.

Os personagens principais são: um negociante de antiguidades americano de relativo sucesso; um artesão (um judeu que esconde sua identidade) que acaba de ser demitido da fábrica que falsifica essas antiguidades; um alto ministro do interior japonês que coleciona antiguidades americanas; e a ex-mulher do artesão que mora num estado distante e acaba sem querer se envolvendo numa conspiração alemã.

O fio de ligação de todas as histórias é um livro chamado O Gafanhoto Torna-se Pesado, lido em algum momento por todos os personagens que descreveria um mundo em que o Japão e Alemanha tivessem perdido a guerra. O Homem do Castelo Alto seria o autor desse livro dentro do livro, e provocaria algumas ações um pouco desesperadas de alguns personagens.

Outro artefato importante na história é o I Ching, o chamado Livro das Mutações, uma espécie de oráculo utilizado há alguns milhares de anos pelos chineses aqui no nosso mundo e plenamente conhecido e usado na história na parte "japonesa" dos Estados Unidos.

O interessante é notar que o autor demonstra realmente conhecer o oráculo e chega a citar vários trechos de suas linhas de acordo com as jogadas de moedas ou varetas feitas pelos personagens.

A pesquisa de Dick foi muito bem feita. Ele estudou a fundo a 2a. Guerra Mundial, além de ter alegar ter lido várias livros sobre o assunto e seus personagens, principalmente uma obra chamada A Ascensão e queda do Terceiro Reich, sobre a situação alemã antes, durante e depois da guerra.

Seus personagens são bastante críveis e a maneira dele traduzir seus sentimentos, pensamentos e preocupações prendem a atenção do leitor na primeira metade da história.

Depois da metade, quando você acha que não vai acontecer mais nada, Dick introduz de maneira bem peculiar a idéia de uma guerra fria entre Japão e Alemanha mostrando que mesmo uma aliança vitoriosa não fica junta pra sempre (situação preocupante entre os EUA e a URSS na década de 1960).

E isso leva o livro de maneira soberba a seu surpreendente (e um pouco anti-climático) final.

E apesar de ficar aquele gostinho de quero mais, penso que não poderia terminar de outra maneira. Afinal, a vida continua quer queiramos ou não. E o que é verdadeiro?

Não é a toa que livro ganhou vários prêmios destinados não só a livros de ficção científica.

A dobradinha ficção-na-realidade, realidade-na-ficção daria muito o que falar em várias obras posteriores como o filme Matrix (só pra citar uma das mais conhecidas).

E apesar de ser taxado como ficção científica, o livro não nos mostra muitos avanços tecnológicos estando mais pra uma ficção alternativa, gênero nomeado de uns 20 vinte anos pra cá.

Entretanto, pelo conjunto da obra, Philip K. Dick acabou ficando pra história como um grande escritor de ficção científica, mas pra mim n´O Homem do Castelo Alto, ele demonstrou seu talento pra ser conhecido como um grande escritor e ponto.

Valeu!

Um comentário:

Unknown disse...

A Oitava Praga
A invasão alienígena
Autor: Orácio Felipe
Descrição :
Estima-se que o universo conhecido tenha 100 bilhões de galáxias contendo aproximadamente 100 bilhões de estrelas em cada galáxia. Haveria vida apenas em nosso planeta? Certamente não. Podemos aprofundar um pouco a questão. Havendo vida em outros planetas essas vidas estariam inclinadas para o bem ou para o mal? E se o alvo fosse nossa água?

www.clubedosautores.com.br

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