Devo ficar afastado daqui durante um tempo, já que as provas começam essa semana.
Então vou tentar falar um pouco sobre esse livro que comecei a ler já tem quase um ano e só terminei agora.
Calma, calma. Não é que o livro seja difícil ou qualquer coisa assim. É um livro de contos. E bons contos geralmente são melhores apreciados se lidos com um espaço de tempo de um para o outro.
E são contos escritos por um dos meus autores favoritos: Neil Gaiman.
Ele já foi citado aqui no blog algumas vezes, mas não custa nada recapitular.
Gaiman é um escritor nascido e criado na Inglaterra que alcançou fama mundial por ter escrito todas as histórias das 75 edições da série em quadrinhos Sandman, para a editora DCComics americana.
Pra quem não sabe Sandman (ou Morpheus) é a personificação dos sonhos e faz parte de uma família de sete irmãos conhecida como Perpétuos.
São eles Destino, Morte, Sonho (o próprio Sandman), Desejo e Desespero (gêmeos), Delírio (que já foi Deleite) e Destruição. São entidades mais poderosas que deuses (já que não precisam serem adorados pra existirem), mas que estão abaixo dos humanos na escala de importância do universo, já que dependem de vida inteligente pra existir. Qualquer dia falarei mais deles aqui.
Antes de Sandman porém, Gaiman já era jornalista e escritor na Inglaterra e de vez em quando tinha alguns contos publicados em publicações coletivas. A primeira coletânea de contos só dele, com histórias dessa primeira fase pré-Sandman chama-se Fumaça e Espelhos: Contos e Ilusões e foi publicada aqui no Brasil em 2002.
O livro que acabo de ler é a segunda coletânea de contos do autor chamada de Coisas Frágeis (Editora Conrad, 2008, 205 pág.) e reúne contos escritos por ele depois do sucesso da série Sandman.
Alguns contos inclusive já haviam saído em publicações estrangeiras e entram aqui por uma questão de homenagem do autor ao tentar captar estilos ou se aventurar em universos de seus autores favoritos.
A edição brasileira contém 9 contos e Gaiman fez questão de falar de como foi escrever cada um deles na introdução. A grande maioria foi feita por encomenda a pedido de editores, amigos escritores e até de uma das filhas dele, mas isso não diminui sua qualidade.
Vou tentar falar dos que mais gostei.
"Um Estudo em Esmeralda" se passa na Inglaterra vitoriana do século XIX e mostra o famoso detetive Sherlock Holmes conhecendo seu parceiro John Watson enquanto tenta desvendar um assassinato na família real inglesa. Só que a família real inglesa não pertence muito a esse mundo. Gaiman diz ter sido uma tentativa de juntar as aventuras de Sherlock Holmes com o universo de montros de H.P. Lovecraft. Arrepiante!
"Golias" foi escrita para o site do filme Matrix e publicada meses antes do filme estrear nos cinemas. É a carta de despedida de um sujeito a sua esposa. Ele conta como descobriu que o mundo era uma mentira tendo sua vida reiniciada por duas vezes dentro devido a uma falha na Matrix causada por ataque alienígena a Terra do mundo real. O mais interessante é a passagem de tempo no mundo real em comparação com o tempo dentro da Matrix.
"O Pássaro-do-Sol" foi uma tentativa de Gaiman homenagear R. A. Lafferty, escritor falecido em 2002, ao mesmo tempo que atendia ao desejo de sua filha de um conto como presente de aniversário. É a história de um clube gastronômico que se entediava de já terem experimentado todo tipo de animal que há para se comer no mundo, desde abutres e morcegos até pandas e mamutes achados preservados em blocos de gelo. É então que um de seus integrantes mais antigos e excêntricos propõe uma caça ao misterioso Pássaro-do-Sol. A aparição de uma Fênix no final é bastante empolgante.
"O Monarca do Vale" se passa dois anos depois do fim do romance Deuses Americanos (também escrito por Gaiman). Shadow (o personagem principal do romance) está viajando pela Europa quando encontra na Escócia uma chance de ganhar um bom dinheiro sendo segurança de uma festa particular. Mas nem tudo é o que parece e alguns ricaços parecem estar dispostos a se aproveitarem de sua semi-divindade. Podem esperar participações especiais de deuses e monstros de mitos antigos. O autor até pede para fazerem uma comparação de uma personagem recente da atriz Angelina Jolie com um personagem presente neste conto.
Nos outros cinco contos restantes ainda há homenagens às Crônicas de Nárnia, treinos para romances posteriores, inspirações no movimento punk e até uma história inspirada num desenho de Frank Frazetta (dei uma pesquisada rápida e acho que é esse aí do lado).
Gaiman já esteve três ou quatro vezes no Brasil sendo a última delas em 2008 na FLIP (Feira Literária) em Paraty. Suas vindas são famosas pelas filas de autógrafos gigantescas.
Eu mesmo cheguei a me aventurar numa dessas na Bienal do Livro aqui no Rio em 2001 e peguei um autógrafo numa edição de contos organizados por ele, mas escritos por outros autores, sobre o universo do personagem Sandman.
Posso ser meio suspeito pra falar, mas suas histórias valem muito a pena.
Só não espere resultados muito comuns nas histórias saídas da mente desse que é um dos melhores escritores de fantasia-suspense-terror em atividade atualmente.
Como ele mesmo diz na introdução: muitos contos são pensados de um jeito, mas ao serem escritos assumem caminhos próprios e completamente inesperados.
Valeu!
Então vou tentar falar um pouco sobre esse livro que comecei a ler já tem quase um ano e só terminei agora.
Calma, calma. Não é que o livro seja difícil ou qualquer coisa assim. É um livro de contos. E bons contos geralmente são melhores apreciados se lidos com um espaço de tempo de um para o outro.
E são contos escritos por um dos meus autores favoritos: Neil Gaiman.
Ele já foi citado aqui no blog algumas vezes, mas não custa nada recapitular.
Gaiman é um escritor nascido e criado na Inglaterra que alcançou fama mundial por ter escrito todas as histórias das 75 edições da série em quadrinhos Sandman, para a editora DCComics americana.
Pra quem não sabe Sandman (ou Morpheus) é a personificação dos sonhos e faz parte de uma família de sete irmãos conhecida como Perpétuos.
São eles Destino, Morte, Sonho (o próprio Sandman), Desejo e Desespero (gêmeos), Delírio (que já foi Deleite) e Destruição. São entidades mais poderosas que deuses (já que não precisam serem adorados pra existirem), mas que estão abaixo dos humanos na escala de importância do universo, já que dependem de vida inteligente pra existir. Qualquer dia falarei mais deles aqui.
Antes de Sandman porém, Gaiman já era jornalista e escritor na Inglaterra e de vez em quando tinha alguns contos publicados em publicações coletivas. A primeira coletânea de contos só dele, com histórias dessa primeira fase pré-Sandman chama-se Fumaça e Espelhos: Contos e Ilusões e foi publicada aqui no Brasil em 2002.
O livro que acabo de ler é a segunda coletânea de contos do autor chamada de Coisas Frágeis (Editora Conrad, 2008, 205 pág.) e reúne contos escritos por ele depois do sucesso da série Sandman.
Alguns contos inclusive já haviam saído em publicações estrangeiras e entram aqui por uma questão de homenagem do autor ao tentar captar estilos ou se aventurar em universos de seus autores favoritos.
A edição brasileira contém 9 contos e Gaiman fez questão de falar de como foi escrever cada um deles na introdução. A grande maioria foi feita por encomenda a pedido de editores, amigos escritores e até de uma das filhas dele, mas isso não diminui sua qualidade.
Vou tentar falar dos que mais gostei.
"Um Estudo em Esmeralda" se passa na Inglaterra vitoriana do século XIX e mostra o famoso detetive Sherlock Holmes conhecendo seu parceiro John Watson enquanto tenta desvendar um assassinato na família real inglesa. Só que a família real inglesa não pertence muito a esse mundo. Gaiman diz ter sido uma tentativa de juntar as aventuras de Sherlock Holmes com o universo de montros de H.P. Lovecraft. Arrepiante!
"Golias" foi escrita para o site do filme Matrix e publicada meses antes do filme estrear nos cinemas. É a carta de despedida de um sujeito a sua esposa. Ele conta como descobriu que o mundo era uma mentira tendo sua vida reiniciada por duas vezes dentro devido a uma falha na Matrix causada por ataque alienígena a Terra do mundo real. O mais interessante é a passagem de tempo no mundo real em comparação com o tempo dentro da Matrix.
"O Pássaro-do-Sol" foi uma tentativa de Gaiman homenagear R. A. Lafferty, escritor falecido em 2002, ao mesmo tempo que atendia ao desejo de sua filha de um conto como presente de aniversário. É a história de um clube gastronômico que se entediava de já terem experimentado todo tipo de animal que há para se comer no mundo, desde abutres e morcegos até pandas e mamutes achados preservados em blocos de gelo. É então que um de seus integrantes mais antigos e excêntricos propõe uma caça ao misterioso Pássaro-do-Sol. A aparição de uma Fênix no final é bastante empolgante.
"O Monarca do Vale" se passa dois anos depois do fim do romance Deuses Americanos (também escrito por Gaiman). Shadow (o personagem principal do romance) está viajando pela Europa quando encontra na Escócia uma chance de ganhar um bom dinheiro sendo segurança de uma festa particular. Mas nem tudo é o que parece e alguns ricaços parecem estar dispostos a se aproveitarem de sua semi-divindade. Podem esperar participações especiais de deuses e monstros de mitos antigos. O autor até pede para fazerem uma comparação de uma personagem recente da atriz Angelina Jolie com um personagem presente neste conto.
Nos outros cinco contos restantes ainda há homenagens às Crônicas de Nárnia, treinos para romances posteriores, inspirações no movimento punk e até uma história inspirada num desenho de Frank Frazetta (dei uma pesquisada rápida e acho que é esse aí do lado).
Gaiman já esteve três ou quatro vezes no Brasil sendo a última delas em 2008 na FLIP (Feira Literária) em Paraty. Suas vindas são famosas pelas filas de autógrafos gigantescas.
Eu mesmo cheguei a me aventurar numa dessas na Bienal do Livro aqui no Rio em 2001 e peguei um autógrafo numa edição de contos organizados por ele, mas escritos por outros autores, sobre o universo do personagem Sandman.
Posso ser meio suspeito pra falar, mas suas histórias valem muito a pena.
Só não espere resultados muito comuns nas histórias saídas da mente desse que é um dos melhores escritores de fantasia-suspense-terror em atividade atualmente.
Como ele mesmo diz na introdução: muitos contos são pensados de um jeito, mas ao serem escritos assumem caminhos próprios e completamente inesperados.
Valeu!
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