Publicado originalmente pela editora Devir portuguesa e editado aqui sem muitas adaptações linguisticas pela Devir brasileira, a série A Pior Banda do Mundo, Bicampeã do Festival de Quadrinhos Amadora (um dos maiores do mundo), prima pelo bom-humor nonsense e inteligente do português José Carlos Fernandes.
Amante de boa literatura e desenhista autodidata, o autor (formado em engenharia ambiental) passeia por situações que a princípio parecem lógicas e aceitáveis mas acabam se tornando absurdas, trágicas e até bem engraçadas quando olhadas num contexto geral.
Com essa ótica típica de sonhos de sono profundo, ele constrói uma narrativa que muda de foco a cada duas páginas, enaltecendo diferentes personagens e por vezes nos fazendo esquecer dos personagens que dão o título a série.
No primeiro volume, chamado o Quiosque da Utopia (título de um dos micro-capitulos de duas páginas), somos apresentados a uma banda de amigos com diferentes profissões (um verificador meteorológico, um serrilhador de selos, um criptográfo de segunda classe e um fiscal municipal de isqueiros), que ensaiam todos os dias após o trabalho há 29 anos e nem sempre conseguem tocar a mesma música.
Apresentada a banda, Fernandes desvia o foco da narrativa para um compositor solitário a procura da musica perfeita, duas velhas irmãs sobreviventes de um naufrágio na infância que já tem essa música na cabeça, um homem que passa o dia todo anotando as coincidências que presencia e muitas outras figuras que de tão loucas e inacreditáveis podem até ser reais.
É muito bom pra mim observar isso (ainda mais depois de ler todos os álbuns).
Indicado para ler num momento em que estiver disposto a viajar por idéias fantásticas e personagens absurdos, ambos parecendo assustadoramente reais (se é que não o são).
Valeu!
Amante de boa literatura e desenhista autodidata, o autor (formado em engenharia ambiental) passeia por situações que a princípio parecem lógicas e aceitáveis mas acabam se tornando absurdas, trágicas e até bem engraçadas quando olhadas num contexto geral.
Com essa ótica típica de sonhos de sono profundo, ele constrói uma narrativa que muda de foco a cada duas páginas, enaltecendo diferentes personagens e por vezes nos fazendo esquecer dos personagens que dão o título a série.
No primeiro volume, chamado o Quiosque da Utopia (título de um dos micro-capitulos de duas páginas), somos apresentados a uma banda de amigos com diferentes profissões (um verificador meteorológico, um serrilhador de selos, um criptográfo de segunda classe e um fiscal municipal de isqueiros), que ensaiam todos os dias após o trabalho há 29 anos e nem sempre conseguem tocar a mesma música.
Apresentada a banda, Fernandes desvia o foco da narrativa para um compositor solitário a procura da musica perfeita, duas velhas irmãs sobreviventes de um naufrágio na infância que já tem essa música na cabeça, um homem que passa o dia todo anotando as coincidências que presencia e muitas outras figuras que de tão loucas e inacreditáveis podem até ser reais.
Os personagens título dão as caras em alguns capítulos, mas estrelam mesmo apenas o primeiro e o último, que são relacionados por essa série de micro-narrativas absurdas que são construídas algumas vezes de forma a deixar gancho para narrativas futuras.
Fazendo parte de uma série com cinco volumes publicados essa série foi uma grata surpresa.
Com uma estrutura de roteiro que lembra o filme O Fabuloso Destino de Amelie Polan no trato dos personagens e com discussões que remontam as de filmes como As aventuras do Barão de Munchausen e até Monty python: Em busca do cálice sagrado, essa HQ é recomendada para pessoas que não tem medo de: rir do absurdo, rir depois de pensar, e até mesmo rir de algumas manias que podemos encontrar em nós mesmos. (É só reparar o título de cada álbum pra um sorriso curioso brotar no canto do rosto).
Os desenhos no estilo "realista-quase-caricatural" do prórpio Fernandes reforçam essa característica cômica enquanto as cores, sempre contrastando entre preto e diferentes tons de bege, explicitam a atemporalidade da narrativa (que parece se passar no final do século XX, mas tem caracteríticas de outras épocas) e enaltecem uma sensação saudosista de décadas passadas.
Fazendo parte de uma série com cinco volumes publicados essa série foi uma grata surpresa.
Com uma estrutura de roteiro que lembra o filme O Fabuloso Destino de Amelie Polan no trato dos personagens e com discussões que remontam as de filmes como As aventuras do Barão de Munchausen e até Monty python: Em busca do cálice sagrado, essa HQ é recomendada para pessoas que não tem medo de: rir do absurdo, rir depois de pensar, e até mesmo rir de algumas manias que podemos encontrar em nós mesmos. (É só reparar o título de cada álbum pra um sorriso curioso brotar no canto do rosto).
Os desenhos no estilo "realista-quase-caricatural" do prórpio Fernandes reforçam essa característica cômica enquanto as cores, sempre contrastando entre preto e diferentes tons de bege, explicitam a atemporalidade da narrativa (que parece se passar no final do século XX, mas tem caracteríticas de outras épocas) e enaltecem uma sensação saudosista de décadas passadas.
A HQ me fez lembrar de um sentimento que tenho frequentemente depois de sonhos que parecem extraordinariamente reais na hora do sono, mas depois de acordado são bem engraçados e absurdos.
Despertou uma boa sensação de nostalgia.
A ótica da história é própria dos quadrinhos vanguardistas europeus.
Na maioria das histórias de vanguarda européias não há muita preocupação em se contar a trajetória completa dos personagens ou mesmo em como eles chegaram ali.
Confesso até que esse foi o maior obstáculo a minha apreciação desse tipo de narrativa, pois cresci acostumado a um narrador universal e onisciente, que sempre explicava tudo (típico de histórias americanas).
O elemento principal dessas tramas é justamente retratar um período da vida desses personagens (as vezes fazendo alusão ao passado as vezes não), deixando sua interação com outros personagens, suas reações em relação a situação catalisadora e o jeito que a resolverá ou se adequará a ela cativarem o leitor e engrandeceram a história.
A pior banda do mundo é assim. Não existem muitas explicações na história, as coisas simplesmente são como são.
E o grande mérito dela é você observar a passagem e consequente a evolução dos personagens-título como coadjuvantes pela sequência de chistes fantásticos eengraçados em que são estruturados os álbuns (aqueles microcapitulos de duas páginas de que falei antes).
Despertou uma boa sensação de nostalgia.
A ótica da história é própria dos quadrinhos vanguardistas europeus.
Na maioria das histórias de vanguarda européias não há muita preocupação em se contar a trajetória completa dos personagens ou mesmo em como eles chegaram ali.
Confesso até que esse foi o maior obstáculo a minha apreciação desse tipo de narrativa, pois cresci acostumado a um narrador universal e onisciente, que sempre explicava tudo (típico de histórias americanas).
O elemento principal dessas tramas é justamente retratar um período da vida desses personagens (as vezes fazendo alusão ao passado as vezes não), deixando sua interação com outros personagens, suas reações em relação a situação catalisadora e o jeito que a resolverá ou se adequará a ela cativarem o leitor e engrandeceram a história.
A pior banda do mundo é assim. Não existem muitas explicações na história, as coisas simplesmente são como são.
E o grande mérito dela é você observar a passagem e consequente a evolução dos personagens-título como coadjuvantes pela sequência de chistes fantásticos eengraçados em que são estruturados os álbuns (aqueles microcapitulos de duas páginas de que falei antes).
Não é nenhuma história cósmica, nem é algo que vai mudar drasticamente a vida de quem lê (apesar de expandir alguns horizontes), mas é um experiência quadrinística MUITO interessante.
É muito bom pra mim observar isso (ainda mais depois de ler todos os álbuns).
Indicado para ler num momento em que estiver disposto a viajar por idéias fantásticas e personagens absurdos, ambos parecendo assustadoramente reais (se é que não o são).
Valeu!
Um comentário:
Porém em alguns momentos o humor non-sense enjoa pois repete sempre a mesma piada...
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