
Motivado pelo lançamento do filme X-men Origens: Wolverine, a editora colocou em bancas algumas edições especiais de histórias do baixinho invocado de várias épocas editadas originalmente pela Marvel Comics americana.
Quase todas as histórias já haviam sido publicadas aqui e, apesar de já ter lido a maioria delas, vou falar um pouco das que comprei.

Eu, Wolverine é uma edição que une duas histórias escritas por Chris Claremont, o autor que revolucionou os X-men nos anos 80.
A primeira foi uma minissérie em quatro edições publicada

Logan (outro nome pelo qual Woverine atende) vai ao Japão visitar sua namorada, Mariko Yashida, que deixou os EUA misteriosamente. Chegando lá, ele descobre que ela foi obrigada por seu pai, um poderoso chefão do crime, a casar com um funcionário do governo japonês. Ele procura Mariko pra tirar satisfações e a encontra machucada. Enfrenta o pai dela, Shingen Yashida, num duelo de espadas de madeira e o que acontece é que Logan acaba levando uma surra do velho, que é um espadachim extremamente habilidoso, na frente de Mariko e várias testemunhas. Mas ele não vai deixar isso barato. É só o início de um confronto entre Wolverine e o submundo japonês.


Outra coisa a se falar são os desenhos de Frank Miller, que na época ainda não tinha feito o grande sucesso Batman-Cavaleiro das Trevas (que já comentei aqui). Seus desenhos ainda não estavam tão estilizados e se resumiam a imitar o traço de John Romita (desenhista do Homem-aranha), mas isso já foi um grande feito, pois Romita foi um dos melhores da sua época. O problema de Miller foi mesmo a caracterização de cenários que algumas vezes deixam Tóquio proviciana demais e em outras vezes parecida demais com Nova York. Em compensação seus enquadramentos e caracterização de personagens já demonstravam o talento que seria reconhecido anos depois.
A outra história da edição é uma continuação direta dessa e foi publicada originalmente

Os X-men vão ao Japão após receberem o convite para o casamento de Logan e Mariko. Mariko é agora a chefe do Clã Yashida e quer manter a família longe das atividades criminosas, mas começa a ser atacada por uma facção dissidente do clã liderada por seu meio-irmão, o Samurai de Prata. Auxiliado pela Víbora (ou Madame Hidra), o Samurai envenena os X-men e põe Mariko contra a parede pela liderança do clã. Caberá aos únicos X-men pouco afetados pelo veneno, Wolverine e Vampira (que acabara deixar a Irmandade), resolverem essa situação a tempo de se realizar o casamento.
Uma história mediana que só vale mesmo por ser continuação da anterior e também pelo arco narrativo da Tempestade que, no Japão, começa a desenvolver uma personalidade mais marcante, deixando o visual recatado e assumindo um visual punk (de acordo com o movimento do fim dos anos 70), com direito a roupinha de couro preto, corte de cabelo moicano e tudo mais.


A história acontece alternadamente em duas épocas. Inicia dez anos atrás quando, antes de entrar pros X-men, Wolverine está na China e passa seus dias bebendo com McLeish, o Fantasma Branco, que se gaba de ser o melhor assassino de aluguel do mundo. Mas McLeish se aproveita da amizade com Logan para matar, a mando da máfia chinesa, o pai da moça que ele estava namorando. Num acesso de raiva Logan persegue o Fantasma Branco e o deixa pra morrer encharcado de gasolina no meio de uma explosão de fogo. Nos dias de hoje, Logan sofre um atentado em seu apartamento em Nova York e tem pistas que o responsável poderia ser McLeish, que ele achava ter morrido. Começa então a fuga frenética de Wolvie tentando sobreviver a um atentado depois do outro enquanto tenta achar o responsável pela caça a sua cabeça.
Um bom thriller de ação em quadrinhos, bem desenhado, que não chega a ir muito fundo em nenhum aspecto, nem acrescentar nada a mitologia do personagem, mas também não decepciona ao proporcionar um bom entretenimento pelos minutos que você a tem entre as mãos.


É uma história visualmente bem narrada com ótimos desenhos de Risso e lindas cores aquareladas de Dean White. O problema são os furos no roteiro.
Na primeira parte Wolverine diz saber que o esqueleto esperou por ele 60 anos. Isso vai de encontro ao que ele diz na segunda parte quando pergunta se conhece a figura flamejante. Ora, como ele sabia que a figura esperara 60 anos e não sabia quem era a figura? Não há pistas disso no texto, claro.



Mas a maior incoerência é a extensão dos poderes de Logan, que se cura de ferimentos absurdos o que logicamente tornaria o personagem imortal.
Alguém já comentou em algum lugar da internet que de uns anos pra cá as curas de ferimentos sofridos por Wolverine o tornariam um ótimo personagem para uma nova série Highlander, baseado nos filmes dos anos 80 e 90 em que o personagem de Christopher Lambert caminha pela Terra há 400 anos, pois pertence a uma raça de humanos imortais que só morrem se a cabeça for separada do corpo. E para frisar isso, há até uma separação de cabeça na história. Seria uma homenagem ou brincadeira do escritor?
Wolverine é sem dúvida um dos personagens mais carismáticos da Marvel atualmente, mas o jeito que a editora vem explorando e desenvolvendo ele vai acabar tirando a graça do personagem em pouquíssimo tempo. Como fã, eu não gostaria disso.
Mas fica então dada a dica pra quem viu o filme e gostaria de saber por onde começar a conhecer o personagem nos quadrinhos.
Valeu!
Um comentário:
Gostei da nova cara do blog.
Bjcas.
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