

Ainda não li o mangá original, mas sei que ele foi publicado entre 2001 e 2007 na terra do sol nascente e escrito e desenhado por Naoki Urasawa, mesmo autor do elogiado suspense adulto Monster (publicado aqui pela Conrad Editora).
Uma pesquisa rápida na Internet revela que é uma das HQs japonesas mais elogiadas dos últimos tempos. Tanto que rendeu vários prêmios a seu autor no Japão durante sua publicação.
Alguns sites de fãs disponibilizam pra download (pirata, claro) a versão integral já traduzida para o português.


O filme foi dirigido por Yukihiko Tsutsumi e teve a mão do próprio Naoki Urasawa, entre outros, no roteiro.


O roteiro é todo construído na alternância de épocas da narrativa. Isso é bem realizado quando precisamos saber fatos importantes da história anterior a narrativa, mas cansa depois de um tempo e provoca confusão num momento específico quando há o absurdo de um flashback dentro de um flashback. O que deixa claro que a história do mangá foi bastante encurtada pra caber na tela. Mas poderia ter sido feito de maneira melhor.

Mas o diretor peca ao abusar de zooms e travellings com a câmera no rosto de personagens para afirmar a tensão da cena. Em algumas, o rosto do personagem começa no extremo direito da tela e a câmera se mexe fazendo o rosto quase sumir no extremo esquerdo quando há um corte e o movimento de câmera recomeça novamente na MESMA cena. O corte abrupto quebra a tensão e dilui a seriedade da cena.

A maioria dos flashbacks se dá nas redescobertas do protagonista Kenji, que tem lembranças do passado a cada novo fato mencionado. Mas, sendo ele um dos principais idealizadores do plano infantil, fica meio difícil de suportar a cara de surpresa que o ator principal faz quando lhe contam algo que ele não lembrava.

É claro que um espectador inteligente pode inferir que sua memória estaria prejudicada pelos anos de abuso como astro do rock, mas isso não chega a ser mencionado de forma objetiva para justificar essa surpresa.
Por vezes o cara nem parece que chegou a viver aquilo tudo no passado.
Mas não posso deixar de elogiar a escolha do elenco no quesito aparência. Todos as atores mirins passam perfeitamente a imagem física dos personagens adultos.
No resumo, é um filme bem produzido visual e tecnicamente e com uma ótima história, mas que fica comprometido pelos (poucos) furos no roteiro e bastante prejudicado por alguns excessos da direção e das atuações.
Como é a primeira de três partes, espero que as próximas duas seqüências resolvam esses problemas.
Eu sei que vou ter que procurar o mangá original pra ler. Mas fica dada a dica de qualquer forma.
Valeu!
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