Apreciada por 8 a cada 10 brasileiros, ela teve a idéia de lançar ao mesmo tempo dois álbuns de estúdio em 2006, seis anos depois do seu último disco solo. A maratona de shows, nacionais e internacionais, foi muito bem planejada e documentada, tanto que deu filme.
Infinito ao Meu Redor (2008) é um pretensioso documentário produzido tendo como base as filmagens feitas nos dois anos de sua última turnê, entre 2006 e 2008.
Narrado pela própria Marisa e roteirizado por ela e por Cláudio Torres (diretor de A Mulher Invisível), o filme, dirigido por Vicente Kubrusly, se apresenta logo no início como algo bem mais didático do que simplesmente divertido.
A cantora se apresenta e diz que a idéia do filme surgiu e se desenvolveu como a necessidade de mostrar o processo fonográfico desde a composição até a divulgação e apresentação das músicas pelos shows e entrevistas.
Tudo isso em cenas dos dois anos da turnê alternadas com imagens de seu início de carreira em 1988, fotos e filmagens de seu arquivo pessoal e de parte dos shows em si, claro.
Quem acompanha a indústria fonográfica e tem interesse pela cantora como eu, sabe que no lançamento simultâneo desses seus dois últimos álbuns solo: Infinito Particular e Universo ao Meu Redor, foi gerada uma polêmica em relação à pirataria.
A cantora já havia declarado várias vezes ser contra a pirataria por ser uma agressão ao artista, um desrespeito a propriedade intelectual e etc. Corretíssima.
O problema é que quando os CDs dela foram lançados no mercado, vieram com um sistema que dificultava a apreciação dos discos quando colocados num drive de computador. Um programa de computador precisava ser instalado para impedir a cópia das músicas e poderia se manter vigilante como uma espécie de vírus toda vez que você ligasse seu computador.
Não adiantou muito, visto que em apenas alguns meses já se encontrava (e ainda se encontra) cópias digitais piratas dos arquivos de suas múscias para serem baixados na internet.
Mas a grande discussão tomou a mídia fonográfica no ano de 2006 e gerou alguns processos a gravadora EMI por falta de respeito a liberdade individual do público pagante que teria direito de apreciar o produto adquirido em qualquer reprodutor de mídia disponível sem maiores responsabilidades ou consequências.
Passada a polêmica, esse documentário surge como uma espécie de explicação da cantora, mostrando toda a dificuldade e trabalho que ela, seus parceiros, produtores e equipe tiveram para levar sua obra ao alcance do grande público.
E esse excesso de didatismo do filme, apesar de chato em alguns momentos, não chega a prejudicar a apreciação do som e das viagens de Marisa e sua banda.
A montagem e o estilo explicativo do roteiro lembram de longe o premiadíssimo curta brasileiro Ilha das Flores, escrito e dirigido por Jorge Furtado em 1989, o que contribui para não tornar o filme cansativo, igualmente em função dos cortes rápidos e animações dinâmicas e inventivas.
Há também, uma tentativa de mostrar a intimidade da cantora na exposição de trechos dela lavando roupa na banheira do hotel, dormindo no ônibus da turnê e acordando com o cabelo arrepiado, mas isso fica só na tentativa já que não há uma aproximação real.
Apesar de ser feita uma boa retrospectiva da carreira, não há a mínima exposição da vida pessoal da cantora. Não é dito se ela é casada, se os pais estão vivos, quantos irmãos ou mesmo quantos filhos.
Pra se ter uma idéia, quando ela cita que teve um filho logo no início do filme, tudo o que aparece é uma foto dela ajudando a criança a andar em direção ao mar, os dois de costas para a câmera.
Nesse sentido fica bem difícil estabelecer uma identificação da cantora com o espectador, mas talvez esse não tenha sido o objetivo do filme já que o mesmo foi lançado direto em DVD e provavelmente pensado para seus fãs consumidores pagantes que a conhecem e acompanham há algum tempo.A cantora declarou inclusive, em várias entrevistas para o lançamento do DVD, que o filme foi feito para provocar uma reflexão no público expondo como o processo de revolução tecnológica está obrigando a indústria musical a repensar toda a sua produção.
Grande, importante e extremamente pertinente reflexão, mas meio decepcionante se colocada num filme feito pra fãs.
O bom mesmo é o CD bônus que acompanha o DVD, que vem com 9 músicas, sendo algumas gravações ao vivo da turnê e três músicas inéditas que fizeram grande sucesso nas rádios na época do lançamento.
Assista um trecho com a canção Não é proibido (popularmente conhecida como Melô do Diabético) aqui: http://www.youtube.com/watch?v=D05vdXdvJIk
É a confirmação que essa ótima cantora não parou de lançar discos como chegaram a alardear alguns jornais na época de sua polêmica contra a pirataria.
Recomendado!
E que venha mais Marisa Monte!
Valeu!
Um comentário:
Também gosto de Marisa Monte.
Bjs.
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