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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Dica de livro: Beber, Jogar, F@#er

Beber, Jogar, F@#er (Planeta, 2009, 287pág.) é o livro que quase não comprei na Bienal do Livro do Rio de Janeiro agora em setembro de 2009.

Tenho uma certa aversão a “livros da moda” e o fato de ser tachado de “versão masculina de "Comer, Rezar, Amar”, outro livro da moda (que não li), piorava essa aversão.

Só fui adquiri-lo depois de ler o primeiro parágrafo na Bienal e, mesmo assim, só depois de ler um trecho na lista de mais vendidos da VEJA e, ainda mesmo assim, depois de motivado pelo tradutor do livro Cassius Medauar (@medauar), a quem sigo pelo microblog Twitter. Cassius foi editor da linha de quadrinhos Vertigo pela PixelMedia, selo da editora Ediouro que acabou em 2008, e só por causa dele, que me respondeu prontamente no Twitter, decidi dar uma chance ao livro. Não me arrependi.

O autor, Andrew Gottlieb, um roteirista e criador de sitcoms (comédias de TV) americanas, escreve sobre a jornada de um homem depois de ter sido chutado pela esposa de um casamento de 8 anos.

Revoltado e deprimido pelo fato da esposa estar morando com um cara chamado David (de quem ele nunca ouviu falar) apenas dois dias depois de sair de casa, Bob Sullivan abandona sua casa e seu trabalho de gerente de contas numa agência de publicidade e decide passar um ano viajando para tentar se redescobrir como pessoa. Suas andanças o levam a Irlanda em busca do prazer de beber (ou do porre perfeito), a Las Vegas pela espiritualidade contida na fé ao acaso das apostas e a Tailândia pelos prazeres sexuais mundanos que o farão valorizar prazeres mais profundos.

Cada lugar justificado pelo título do livro, obviamente.

O livro é narrado em primeira pessoa pelo próprio Bob que começa comparando a vida a uma roleta de cassino e diz ter dividido os capítulos do livro de acordo com os números presentes na roleta.

Essa forma de narrativa dá um toque bastante pessoal ao livro, permitindo ao narrador interromper a história várias vezes para contar episódios de seu passado e fazer observações (sejam elas pertinentes ou não) com o objetivo de introduzir melhor o assunto ou situação a ser narrada a seguir.

Isso permite ao autor, através do personagem narrador se isentar da culpa em criar frases de efeito impagáveis, comentários politicamente incorretos, reveladores e até (por que não?), engraçadíssimos.

Algumas delas:
“Se você cortar um irlandês hemofílico, terá cerveja no copo enquanto ele sangrar.”
“... eu preenchi envelopes para a maluca da Hillary Clinton! Eu gostava dela. Não é minha culpa se ela perdeu.”
“De acordo com Colin, se você ficar bêbado na medida certa no ambiente certo nas circunstâncias certas , você pode, em teoria, viver para sempre.”
“Ele disse... ‘Então, que porra você ta fazendo aqui?’ Uau, hein? Bem impressionante. Aristóteles em seu melhor dia, não atingiu esse nível de profundidade ou perspicácia.”
“Eu era um BlackBerry humano- exceto pelo fato de que minha esposa encostava no BlackBerry dela.”
“Fiz um plano que me permitia ir a pelo menos seis pubs por dia. Com essa média, imaginei que conseguiria visitar todos os pubs da Irlanda até 3017.”
“Adoro estar bêbado. Adoro ficar bêbado. Adoro sair com bêbados. Nem sempre gosto do gosto da bebida.”
“Minha paixão por Giovanna foi totalmente induzida pelo ácool.(...) era incrivelmente tedioso estar com ela se um de nós (ou, Deus me perdoe, os dois) estivesse sóbrio.”

Isso só na primeira parte do livro, claro. (Fiquei com preguiça de procurar nas outras.)


E, apesar de todas essas tiradas, ele ainda consegue contar uma história com um final sensível e cativante.

É um livro que realmente te pega de surpresa. A mim, surpreendeu pelo fato de ser bastante divertido e engraçado, de uma maneira espontânea e verossímil. O jeito que o autor descreve as situações te faz achar (ou ao menos desejar) que aquilo podia acontecer daquela forma a qualquer um.

Uma história sobre redescobertas e reconquistas que foi classificada apenas como uma simples “versão masculina” de um livro de sucesso e que, na verdade, funciona como uma grande sátira desse, mas tendo cacife o suficiente para se destacar por si só, é o que esperar desse livro.

Recomendado pra quem gosta de rir e viajar, seja nas idéias ou pelo mundo.

Valeu!
Ps.: estou no twiter: http://twitter.com/arnalduda. Me sigam!

2 comentários:

Anônimo disse...

Li os dois livros...Impressionante como os homens tem dificuldade em lidar com separação e a incapacidade para entender os conflitos femininos. Para o homem, ser provedor basta! Os dois livros são muito legais. O feminino escrito e descrito em minuscias; o masculino bem suscinto e óbvio, sem pudor nas ditas frases "politicamente incorretos"..é aí a delícia de ambos: um metódico, o outro escrachado. Apesar de serem de "modinha", achei por demais inteligente e confirma a dualidade: fêmea x macho: qdo as mulheres não amam ou não se sentem amadas o que elas fazem? Comem e rezam. O que fazem os homens: bebem e jogam. Seria hilário, se não fosse tão real...Ri muito em ambos os livros, e porq não confessar: em algumas partes chorei(mas não no chão do banheiro)...A inteligência num encaixe perfeito de resposta ao feminino é o que faz valer a pena ler ambos.

ArnalDuda Siqueira disse...

Oba!
Obrigado pelo comentário.
É uma pena que não deixou seu nome.
Mas mesmo assim, agradeço a participação.
Abração e
Valeu!

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