Manter uma relação é algo difícil. Amadurecer é algo difícil.
A maioria dos casais não nega já ter sentido atração por outras pessoas. Claro que nem sempre isso dá motivos para terminar uma relação. Mas talvez as “burradas” causadas pela falta de amadurecimento de uma das partes do casal sejam.
A maioria dos casais não nega já ter sentido atração por outras pessoas. Claro que nem sempre isso dá motivos para terminar uma relação. Mas talvez as “burradas” causadas pela falta de amadurecimento de uma das partes do casal sejam.
É mais ou menos a idéia que Histórias de amor duram apenas 90 minutos (co-produção Brasil-Argentina, 2010) do diretor e roteirista Paulo Halm passa. Com muito mais no caminho, claro.
Zeca (Caio Blat) tem 30 anos e se diz escritor, mas há anos tem problemas para terminar seu primeiro livro, que não passou da página 50. Mora com sua esposa Júlia (Maria Ribeiro) uma professora de arte às vésperas de terminar sua tese de doutorado. Enquanto sua esposa trabalha, ele passa os dias olhando inerte para tela de seu computador ou vaga pela cidade do Rio de Janeiro sem rumo definido. Até que conhece Carol (Luz Cipriota), uma dançarina argentina que parece estar tendo um caso com sua esposa. Não demora pra ele se ver tragicamente apaixonado por ela.
Enquanto Zeca não sabe como amadurecer ou terminar seu romance, Júlia já tem carreira e planos definidos e Carol só quer viver a vida o máximo que puder.
Narrado em off pelo próprio Zeca, o filme diverte por muitos contrastes entre a narração e as imagens, o que estabelece o tom tragicômico do filme, trágico para Zeca e cômico para o espectador, claro.
O roteiro é bem construído encima das relações, mas contém grandes tiradas com o meio literário, com direito a citações a Baudelaire, homenagens a Rubem Fonseca e piadas com Paulo Coelho.
A maioria delas vem do pai de Zeca, o bibliotecário interpretado por Daniel Dantas, econômico, mas extremamente competente em seus poucos minutos de cena.
Zeca é um jovem intelectual sem responsabilidades, típico lamentador sem-rumo que é sustentado pela herança deixada pela mãe. Sua narração, apesar de não tão ostensiva, chega a ser chata em alguns momentos, mas Caio Blat consegue fazer o personagem de forma bastante cômica, e nada caricata, em sua miséria.
Como é narrado por Zeca, o roteiro não aprofunda muito outros personagens, mas é inegável um elogio a Maria Ribeiro, pela verdade e naturalidade passadas nas cenas de casal (ser casada com o ator ajuda, né?).
Outro grande elogio vai para a revelação e o brilho do filme, a argentina Luz Cipriota, uma jovem atriz de 25 anos que, mesmo sem muita experiência em cinema (ou em falar português), consegue esbanjar simpatia na personagem que move a ação da película.
Um verdadeiro mergulho na intimidade de um casal cheio de contrastes.
Cenas sem roupa, na cama ou no banheiro, por exemplo, são recorrentes.
Cenas sem roupa, na cama ou no banheiro, por exemplo, são recorrentes.
Destaco três seqüências.
A primeira é quando Zeca explica a trama inicial de seu livro, que é mostrada através de uma animação de histórias em quadrinhos num estilo noir tipo Sin City.
A segunda é a montagem das transas de Zeca com ambas as personagens, ele sempre na mesma posição, alternando as mulheres e o horário, do dia pra noite e da noite pro dia.
A segunda é a montagem das transas de Zeca com ambas as personagens, ele sempre na mesma posição, alternando as mulheres e o horário, do dia pra noite e da noite pro dia.
A terceira, e que estranhou um pouco, é quando Zeca deita em sua cama e fita a escuridão delimitada pelo espaço entre suas pernas, tentando imaginar o que houve no quarto enquanto ele não estava. Há uma tentativa de tornar a escuridão uma espécie de tela para a imaginação de Zeca se manifestar, mas o diretor peca ao mostrar a manifestação da imagem por outro ângulo. Causa estranheza já que a seqüência começa com a câmera assumindo o olhar de Zeca em direção ao escuro, ou seja, você espera que algo seja mostrado ali e de repente o ângulo muda.
A trilha sonora incisiva também arrebenta. Com destaque para a interpretação de Caetano Veloso para a música Nature Boy, que é o tema perfeito para Zeca.
Filme simpático com passagens bastante divertidas que, apesar do título e da narração metalingüísticos, explora um triângulo amoroso numa linguagem bem jovem e atual, com uma ótima química do trio de atores principal.
Perfeito ao retratar uma geração de jovens que a cada dia tem mais dificuldades em crescer ou assumir responsabilidades.
Recomendado!
Valeu!
4 comentários:
Adorei,o filme, gostaria que todos pudessem assistir.O filme tem uma história muito excitante..bjs.
Gostei do filme, embora eu não seja chegada em filmes nacionais. Quando puder vou ver com o Rodrigo. Beijo!
Estava procurando qual e de quem é aquele jazz na abertura do filme, você sabe?
Estava procurando qual e de quem é aquele jazz na abertura do filme, você sabe?
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