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domingo, 28 de março de 2010

Filme: O Livro de Eli

Falar sobre religião é algo complicado. Mas quando você insere um herói obcecado, um vilão carismático e muito tiro, morte e violência, aí sim pode ficar legal.

É mais ou menos isso do que se trata O Livro de Eli (The Book of Eli, 2010), novo filme dos irmãos Hughes.

Eli (Denzel Washington) é um andarilho com uma missão: levar seu livro ao oeste. Só que o mundo não é mais o mesmo.
O que sobrou da sociedade depois da última guerra se reúne em cidadelas construídas em torno de fontes de alimento ou água. Numa dessas vive Carnegie (Gary Oldman), um líder com desejos de grandeza que procura um livro específico para aumentar seu poder e influência. É o livro que Eli carrega, e Carnegie vai fazer de tudo para impedi-lo de completar sua missão divina.

Roteiro simples e um pouco raso.
Construído com base na ação e nas imagens impactantes de um futuro pós-apocalíptico, e que até consegue desenvolver um subtexto religioso interessante (o livro de Eli é a Bíblia), mas que merecia um melhor aprofundamento.
Surpreende por revelar uma informação crucial no fim do filme. Daquelas que te fazem querer assistir de novo.

Denzel Washington faz um Eli durão e obcecado, que acaba se revelando uma espécie de profeta pós-apocalípitco. Perfeito ao reproduzir pequenos gestos cuja importância só vamos descobrir no fim da película. Um bom ator que sabe escolher seus papéis, quase sempre perfeitos para seu estilo de atuação. Surpreende pela agilidade nas cenas de ação aos 57 anos de idade.

Gary Oldman, que faz Carnegie, já é campeão em vilões de Holywood. O mais legal de tudo é que seus vilões quase nunca são iguais. Podem ser engraçados, educados, assustadores, inconseqüentes, neuróticos ou lunáticos, mas são todos bem humanos. Cada um a seu modo, claro.
E aqui ele ainda não decepciona. Grande ator.

Pena que tirando esses dois quase ninguém se salva.


Mila Kunis, que faz Solara, até que tenta, mas seu personagem é tão raso quanto sua atuação. Não dá pra sentir compaixão por ela. Pena.

Tirando o roteiro e algumas atuações secundárias ruins, posso dizer que a parte técnica do filme arrebenta.

A fotografia foi propositalmente planejada para ser icônica, ou seja, sempre que Eli adentra ou inicia alguma cena ele é o centro da imagem, o que acaba ressaltando a importância e o caráter profético do personagem.


Também destaco a palheta de cores e o tratamento das cenas externas, filmadas sempre com nuvens cinza ao fundo em contraste com o marrom avermelhado das terras abaixo.

Ponto positivo para as cenas de luta e tiroteios.

Sendo que uma em particular causou certa estranheza.

É a seqüência do tiroteio na casa do deserto.
Em que a câmera “anda” para mostrar os dois lados do tiroteio, inclusive atravessando paredes pelos buracos dos tiros.
Um recurso estilístico que destoou do restante do filme e não é justificado pelo andamento da história.

Um filme que se baseia em sons e o editor deles merece nota dez por isso.
Desde o início dá pra perceber o quanto o som é importante para a película pela sua altura e pelo impacto causado no espectador.
E isso é incrivelmente justificado pela história ao seu fim.


Um bom filme, com roteiro meio fraco que se salva pelo carisma e talento de seus protagonistas, pela linda fotografia desoladora e pelas cenas de ação.

Recomendado!

Valeu!

2 comentários:

Unknown disse...

c acabou com o filme""
num tô afim de assistir mais!!

Leonardo Giordano disse...

Não vi o filme ainda, fiquei com vontade de ver mais pela conversa que tivemos no msn sobre ele do que pelo trailer, que eu já tinha visto. Ler sobre o filme aqui no seu blog não mudou muita coisa nessa vontade de ver.
O que posso destacar de sua resenha é a clara evolução que você está tendo no seu trabalho, abordando aspectos técnicos tanto quanto os artísticos com bastante propriedade, o que pra mim é a confirmação da máxima "a prática leva à perfeição", visto que nos últimos tempos você aumentou muito sua produção de críticas aqui no blog, coisa que acho excelente e sempre incentivei, você sabe.

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