Morto até o Anoitecer (Dead Until Dark, 316 págs.) é o primeiro livro da série de vampiros sulistas americanos que é escrita por Charlaine Harris desde 2001.
Sookie Stackhouse é uma garçonete loira de 25 anos que sempre quis conhecer um vampiro.
Sua vontade só aumentou desde que os vampiros deixaram de ser lenda e decidiram vir a público depois da invenção de um sangue sintético plenamente funcional, há 4 anos.
O vampiro Bill Compton se estabelece em Bon Temps, cidadezinha (fictícia) do norte da Louisiana, e fica fascinado por aquela misteriosa garçonete que parece saber tudo o que os outros pensam, menos ele.
Acontece que Sookie é telepata e entre a atração que sente pelo silêncio da mente de Bill e o preconceito de seus amigos, ela vai ter que desvendar alguns violentos assassinatos e descobrir que os vampiros podem não ser os únicos seres estranhos que existem no mundo.
A invenção do sangue sintético que é usado como nutrição pelos vampiros, grande premissa da autora, dá muito pano pra manga, sendo que nem todos os vampiros estão dispostos a aderir a ele e parar de “caçar”, por assim dizer.
Um ponto interessante é que os adoradores de vampiros se tornam públicos chegando a cúmulo de se oferecer seu pescoço, e outras partes do corpo, promiscuamente para os vampiros apreciarem.
Outro ponto interessante é quando o sangue de um vampiro é ingerido pelos humanos, deixando-os mais rápidos, fortes, exuberantes e sexys, além de ter a capacidade de cura amplificada sem precisar serem transformados.
O livro em si contém uma trama de mistério clássica, cujo assassino só é revelado no final, mas acaba atraindo pelas revelações sobre poderes, métodos e hierarquias de vampiros, nesse mundo em que eles “saíram do caixão”, para usar um termo do livro.
Também surpreende o jeito que ela constrói a narrativa, em primeira pessoa na voz de Sookie, de maneira extremamente realista, mas de modo que perto do final ficamos sabendo que vampiros podem não ser os únicos seres sobrenaturais que não são lendas. Fica a promessa de encontros com bruxas, lobisomens e outras figuras míticas para os próximos volumes.
Um fato que pode entediar alguns leitores do sexo masculino é a insistência da autora em descrever com detalhes as roupas e acessórios que Sookie usa. Mas as cenas de sexo (que não podem faltar num bom romance de vampiro), apesar de narradas por um ponto de vista bem feminino, provavelmente agradarão a públicos diversos.
Um livro que se destaca por agradar vários públicos contendo ação, aventura e um mistério clássico num estilo realista, mas com um pano de fundo sobrenatural. Além de uma personagem principal independente, cativante e cheia de personalidade.
Recomendado!
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A primeira temporada da série True Blood, produzida e exibida pela HBO em 2008-2009, tem como base a mesma trama do primeiro livro, mas consegue ir muito além.
Tendo apenas doze episódios, metade de uma série regular americana, True Blood surpreende por expandir ainda mais o universo criado por Charlaine Harris (ao menos em relação ao primeiro livro) e se aprofundar com bastante propriedade nos mistérios e misticismos que envolvem a região sul dos Estados Unidos, mas sem abandonar o realismo que é marca da emissora.
Abandonando a narração em primeira pessoa de Sookie, que é interpretada por Anna Paquin, a série toma a liberdade de desenvolver mais os personagens secundários.
O irmão de Sookie, Jason (Ryan Kwanten) por exemplo, é um cara charmoso e de bom coração, mas muito menos inteligente que a irmã e que tem mania de estar sempre no lugar errado e com a pessoa errada.
A série aprofunda mais o mundo de regras dos vampiros, mostrando partes do passado de Bill (Stephen Moyer) e sua relação com outros vampiros. Inclusive ilustrando pontos que ficam obscuros no livro, que se limita ao ponto de vista de Sookie.
A participação do patrão de Sookie, Sam Merlotte (Sam Tramell), que esconde uma inesperada maldição, também é bastante aumentada na série.
A participação do patrão de Sookie, Sam Merlotte (Sam Tramell), que esconde uma inesperada maldição, também é bastante aumentada na série.
Como não podia deixar de ser há algumas mudanças no enredo, principalmente em relação a quem faz o quê, mas isso não tira em nada o brilho da série.
A maior dessas mudanças, e a grande surpresa da série, é a desbocada personagem Tara Thorton (Rutina Wesley), que não existe no livro, e é a melhor amiga de Sookie desde a infância.
Seu arco dramático, assim como o de Jason, é quase paralelo a trama principal, mas serve para enriquecer e dar credibilidade a história introduzindo tópicos como drogas, violência doméstica, curandeirismo, fanatismo religioso e outros assuntos tão peculiares tanto da Louisiana quanto de outras partes do mundo.
Vale lembrar que tanto Rutina Wesley, que interpreta Tara, e Anna Paquin, que interpreta Sookie, foram indicadas a vários prêmios de melhor atriz pela série, até que Anna acabou ganhando o Globo de Ouro do ano passado por atriz de série dramática.
O criador da série, que também age como produtor e escritor, Alan Ball foi responsável por outra série de sucesso da emissora A Sete Palmos (Six Feet Under), que contava a história de uma família dona de uma casa funerária e teve cinco temporadas, ou seja, é garantia de qualidade.
Importante citar que como uma série produzida pela HBO, True Blood, aborda vários assuntos polêmicos e mostra cenas de nudez e sexo, embora não seja nada de explícito ou pornográfico. Mesmo assim não é recomendada para menores ou pessoas de mente fraca.
Amor, mistério, sexo, vampiros e outros bichos, além de muito sangue, é o que esperar dessa série com grandes atuações e muito bem produzida pela HBO.
Recomendado!
Valeu!
Ps.: Pra quem se interessou, o segundo livro da série de Charlaine Harris, Vampiros em Dallas, já está a venda no Brasil e a terceira temporada de True Blood deve estrear em Junho de 2010 nos EUA.
Um comentário:
Confesso que o tema de vampiros não me atraí a salvo excessões de 'Entrevista com Vampiro' e 'Um Drink no Inferno', pois tirando tal apenas 'Blade II' é legal. No entanto, fico curioso com essa série e queria ver apenas pra tirar conclusões e não julgar precipitadamente a qualidade narrativa e de arte do engradado comercial. rs
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