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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Seriado: American Horror Story

"Uma das séries mais surpreendentes de 2011.” 

“Os sustos estão de volta a televisão.” 

“Você vai morrer (de medo) assistindo isso aqui.”

São algumas das frases atribuídas a esse seriado em 2011. E com absoluta razão.

American Horror Story é uma série em 12 episódios que foi ao ar de outubro a dezembro de 2011 no canal a cabo FX nos EUA e ainda se encontra em exibição por aqui no canal FOX Brasil.

É uma série de terror adulto que bebe na fonte de filmes clássicos como Os outros, O Iluminado, O Bebê de Rosemary, Sexto Sentido e vários outros com direito a sustos provindos de um suspense sobrenatural constante.

A família Harmon está em crise após o marido Ben (Dylan McDermott) ser pego traindo a esposa Vivien (Connie Britton) que tinha acabado de ter um aborto. É quando resolvem se mudar junto com a filha adolescente Violet (Taissa Farmiga) para tentar superar a crise num lugar diferente.

O problema é que a casa escolhida para isso em Los Angeles já foi palco de muitos crimes e assassinatos violentos guardando em suas paredes várias gerações de espíritos, cada qual com sua história horripilante e com diferentes objetivos reservados para a inocente família.

O sucesso de público e crítica que a série teve em míseros três meses de exibição se deve a vários fatores.

Sua estrutura narrativa não-convencional, com várias voltas ao passado para contar a história de cada fantasma ou aprofundar a personalidade dos personagens vivos (como já feito em LOST) é um desses fatores que instigam e surpreendem o espectador por revelar fatos novos a cada episódio.

Seu clima sombrio, resultado da mistura da trilha sonora pontual e econômica com a paleta de cores sombrias em contraste os vibrantes vermelho e verde junto com os ângulos de câmera inclinados e tomadas constantemente desfocadas em momentos de tensão ajudam a manter o clima de suspense da série.

A escolha do elenco sem dúvida também ajudou muito, com destaque para a veterana Jéssica Lange, vencedora de dois Oscars e vários outros prêmios de atuação, que aqui interpreta Constance, a vizinha enxerida, que revela ter mais a ver com a casa e seus fantasmas do que o espectador suspeitaria.

Outro dos fatores é a homenagem aos clássicos do terror (já citados) em que passeiam pela trama fantasmas obsessivos, bebês demoníacos, doutores frankensteins, assassinos seriais, monstros deformados e imitadores de assassinatos, com destaque para genocidas adolescentes (como aqueles que atacam escolas) e profecias apocalípitcas.

Tudo isso apenas nos 12 episódios dessa primeira temporada, que fecha história da família Harmon, deixando, claro, várias pontas que podem ser desenvolvidas na (já confirmada) segunda temporada, sobretudo em relação ao passado (e a promessa de futuro) da vizinha Constance.

Supreendentemente criada e produzida pelos mesmos autores de Glee, Ryan Murphy e Brad Falchuk, American Horror Story vem, segundo o próprio Murphy, em resposta a um apelo de um lado diferente lado de sua própria personalidade.

Os episódios mais assustadores são os da primeira metade da temporada que estabelecem as bases para o clima do seriado, que acaba perdendo um pouco do suspense na metade final.

O que já podia ser esperado, principalmente por conta da necessidade de aprofundamento das relações entre os personagens que serviu para amarrar a trama para o final da temporada.

É claro que essa perda do suspense não altera a qualidade da série, que se torna difícil de largar desde o primeiro episódio.

É o terror clássico revisitado com modernas técnicas narrativas, mas mantendo aspectos dos suspenses de sucesso com privilégio de mais tempo de tela a ser desenvolvido pela trama.

Recomendado!  (Até pra quem não gosta de filmes de terror.)

Valeu!

domingo, 28 de agosto de 2011

Desenho: Bob´s Burguers

Ao contrário do que se pode pensar isso não é um comercial de uma franquia de lanchonetes. É apenas um sopro de frescor e originalidade nas comédias de animação adultas da atualidade.

É assim que é Bob´s Burguers, nova série que estreou em janeiro de 2011 na FOX americana e só chegou agora em agosto aqui no Brasil pelo canal a cabo FX.

Bob é o cozinheiro, administrador e único dono de uma lanchonete fast-food numa cidade costeira americana. Seus únicos empregados são os filhos e sua esposa. Amante do seu próprio trabalho, Bob passa os dias lidando com o espírito inovador da esposa Linda (que sempre lhe tiram de sua zona de conforto), com a descoberta da sexualidade da filha mais velha Tina (que não tem o menor traquejo social), com a empolgação cega e inusitado talento musical de Gene (que lhe rendem vários apuros) e com a inteligência precoce da caçula Louise (que adora ver o circo pegar fogo).

A série foi criada e é produzida por Loren Bouchard, que foi responsável pela animação Filmes Caseiros (1999-2004) do extinto Adult Swim do Cartoon Network e também foi consultor do The Rick Gervais Show (2010), e declarou ter tido a idéia para a série ao imaginar uma família num local de trabalho.

Pertencendo ao gênero de comédia sobre famílias disfuncionais, sucesso em animações como Os Simpsons e Uma Família da Pesada, Bob´s Burguer se diferencia delas por conseguir fazer comédia escrachada e (quase) politicamente incorreta, mas com consistência narrativa.

Isso quer dizer que a trama de cada episódio não pára pra mostrar piadas que não nada a ver com a história como em muitas das animações atuais. A comédia aqui (como toda boa comédia quase sempre imprevisível) é integrada a trama, ou seja, as situações absurdas são sempre explicadas (de uma forma ou de outra) em cada episódio.

Por exemplo, no episódio em que Bob sobe no forro do telhado pra consertar as goteiras, acaba descobrindo que as paredes tem fundo falso e prefere fingir que ficou preso lá ao descobrir que os sogros vem passar uns dias em sua casa.
Isso gera situações engraçadíssimas para o personagem, que passeia pela casa escondido por trás das paredes (e em certo ponto começa a ficar doido), e para seus filhos, que na ausência do pai, aprontam na escola (cada um com seu motivo) e acabam recebendo em casa uma visita do orientador escolar.

Outro episódio legal é quando a cidade promove uma semana de exposição de arte nas ruas e lojas e a esposa de Bob, Linda, convida sua irmã pra expor suas novas telas no restaurante.
O problema é que as todas as pinturas (sem exceção) retratam animais expondo uma parte de sua anatomia que não combina nada com um restaurante.
Prato cheio pros autores discutirem a essência da arte (e da censura) e que também acaba servindo pra discutir o que forma uma verdadeira família.

Sobra até pro Brasil num episódio em que um dos filhos resolve fazer aula de capoeira e Bob tem um desentendimento com o professor.

A série também surpreende por apresentar um bom desenvolvimento e evolução de personagens, em especial os filhos de Bob.

Tina, que nos primeiros episódios é uma pré-adolescente apática e sem personalidade, vai se transformando numa adolescente típica ao poucos, tendo sonhos sensuais com zumbis, enfrentando crises de desespero por (quase) nada e desenvolvendo uma forma bem peculiar (e engraçada) de interagir com o sexo oposto.

Gene, o filho do meio com seu teclado inseparável, acaba revelando ter até um certo talento pra música, mesmo que isso envolva sons nada convencionais.

Mas o destaque vai mesmo pra caçula Louise, com seu chapéu em formato de orelha de coelho (que não tira nem pra tomar banho), sua imaginação fértil e seu dom de manipular os irmãos e todos aqueles que acha que são menos inteligentes do que ela. Num dos episódios finais ela acaba revelando seu desejo nada normal de se tornar uma super-vilã daqui há alguns anos.

E mesmo os filhos quase sempre estragando os planos de Bob pra ter sucesso com o restaurante, as histórias fazem questão de destacar a unidade familiar, frisando o amor dele para com as crianças e também toda a consideração e obediência dos filhos a ele, tornando a série mais normal e verossímil que outras.

Essa primeira temporada da série teve 13 episódios e já foi renovada para a segunda. Espero que tenha a mesma qualidade.


Uma animação nova sobre uma família que administra um restaurante que surpreende por fazer rir com humor (quase) incorreto integrado organicamente a narrativa, abordando temas relevantes de convívio familiar entre pais e filhos semi-adolescentes.

Me fez rir bem mais que os novos episódios dos Simpsons e Uma Família da Pesada.

Recomendado.

Valeu!

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Desenho: Os Vingadores - os super-heróis mais poderosos da Terra

A compra da Marvel Entertainment pela Walt Disney Company deu muito o quê falar em 2009. Muitas especulações foram feitas e vários artistas deram sua visão do que seria um novo universo de personagens. 

Encontro Disney-Marvel
Brincadeiras a parte, o importante pra nós espectadores são os resultados dessa parceria que só em meados do ano passado começaram a chegar ao grande público.

A animação para TV da Marvel Animation, Os Vingadores: Os super-heróis mais poderosos da Terra (The Avengers: Earth's Mightiest Heroes, 2010), veiculada pelo canal Disney XD é o primeiro fruto dessa união e uma grata surpresa tanto para novos quanto para os fãs de longa data.

As quatro prisões mais avançadas dos EUA sofrem pane em seus sistemas, provocando fugas em massa dos vilões mais perigosos do planeta praticamente ao mesmo tempo. Caberá aos super-heróis mais poderosos da Terra se unirem pela primeira vez para caçar os bandidos e descobrirem quem armou essa ameaça. 

Homem-de-ferro, Thor, Hulk, Homem-formiga e Vespa estrelam os primeiros episódios e só depois (num benvindo respeito a cronologia dos quadrinhos) recebem o reforço de Capitão América, Pantera Negra e Gavião Arqueiro que com a ajuda (nem sempre de boa vontade) da organização militar S.H.I.E.L.D. vão enfrentar a organização terrorista H.I.D.R.A. e vilões como Kang, Líder, Barão Zemo, Loki e vários outros.

Uma série que remete ao heroísmo clássico e consegue juntar esplendidamente referências as várias das fases que o supergrupo teve nos quadrinhos e aproveita muitas das situações já desenvolvidas nos filmes do Hulk e, principalmente, do Homem-de-ferro para apresentar os personagens.

São 26 episódios na (já terminada lá fora) primeira temporada, com mais 26 encomendados para a segunda temporada. 

Tudo planejado pelo roteirista Christopher Yost, que mostra ter realizado um ótimo trabalho de pesquisa ao utilizar nas histórias quase que somente personagens que teriam sido criados nos quadrinhos, desde vilões obscuros a heróis esquecidos na cronologia atual. O currículo do escritor não é muito extenso, mas apresenta trabalhos significativos na boa série animada X-men: Evolution (de 2002) e em algumas histórias para os quadrinhos oficiais da Marvel Comics.

Yost e sua equipe de roteiristas ganham pontos por desenvolver uma trama quase unificada que mantém o pique até o último episódio com várias sub-tramas ao longo da narrativa. 

O Capitão América, por exemplo, estrela uma história do passado no episódio 6, mas só vai se juntar aos Vingadores no episódio 9
Nesse mesmo episódio 6 aparece também Kang, o conquistador, que só voltaria no episódio 17
O robô Ultron aparece em vários episódios do início, mas só revela sua verdadeira faceta no episódio 22 e assim por diante.

Tudo isso mostra a preocupação que se teve com a história, o que também ocorre com a personalidade individual de cada um dos heróis. 

Temos o carisma cafajeste do Homem-de-ferro, a honra cavalheiresca de Thor, a raiva e esquizofrenia de Bruce Banner/Hulk, a liderança e inadequação do Capitão América, a calma e capacidade de estratégia do Pantera Negra, o amor pela ciência e o pacifismo do Homem-formiga, a intuição e impulsividade de Vespa e a impaciência e determinação do Gavião Arqueiro.

Outro ponto positivo é o estilo do desenho que com certeza foi copiado de animações de sucesso da DcComics (eterna rival da Marvel) como Batman (1992-1995), Superman (1996-2000) e Liga da Justiça (2001-2004), provavelmente apostando na familiaridade do espectador com o traço e na facilidade de animação pela simplicidade do estilo.

Se tiver que citar um fator negativo seria a simplificação das adaptações de algumas tramas da cronologia atual dos quadrinhos para a telinha, mas isso já era esperado num desenho que tem como alvo o público infanto-juvenil e, pelo que já foi citado, com certeza só vai desapontar mesmo aquele tipo de fã mais chato dos quadrinhos.

Uma grande animação com foco no público adolescente que aposta em tramas (levemente) complexas com um bom desenvolvimento de personagens e que serve de preparação para o filme dos Vingadores prometido pra estrear nos cinemas em 2012.

E que venha a segunda temporada do desenho.

Recomendado.

Valeu!

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Seriado: Parks and Recreation

A moda dos Mockumentários (documentários falsos) definitivamente tomou a televisão. Eles ganham cada vez mais espaço como séries regulares da grade americana.

Uma que me encantou recentemente é a simpática Parks and Recreation (NBC/Sony, 2009-2011) que apresenta ao público o trabalho dos funcionários do departamento de Parques e Recreações da fictícia cidade de Pawnee, Indiana, no meio-oeste americano.

Liderada pela cativante diretora-adjunta Leslie Knope (Amy Poehler), a série acompanha o dia-a-dia do departamento povoado com personagens tão estranhos e avessos a trabalho quanto os de sua série irmã, The Office (que teve duas temporadas curtas de sucesso na Inglaterra e que já está na sétima temporada na adaptação americana).

A história começa quando o músico Andy Dwyer (Chris Pratt) cai num imenso buraco num terreno baldio atrás de sua casa e sua namorada enfermeira Ann Perkins (Rashida Jones) vai numa audiência pública propor uma alternativa pra tirar o buraco dali. É a chance que Leslie esperava pra construir seu primeiro parque e fazer com que seu trabalho tenha diferença pra sociedade. E é claro que ela vai agarrá-la com todas as forças. Azar de seus colegas de trabalho do departamento de Parques. 

Leslie é sem dúvida a alma da série e já rendeu a sua intérprete alguns prêmios e várias indicações. A insistência da personagem em fazer um serviço público de qualidade em contraste com a pouca empolgação de seus colegas de trabalho dão uma engraçadíssima dinâmica às tramas. 

A personagem foi tão bem interpretada pela comediante Amy Poehler que a ingenuidade demonstrada por ela nos primeiros episódios logo foi diminuída pelos roteiristas em episódios posteriores que, exaltando mais sua inteligência, demonstraram um belo trabalho de desenvolvimento da personagem.

Organizada, cheia de iniciativa, otimista, inteligente, feminista e meio ingênua, Leslie é cercada de gente que não quer deixá-la trabalhar:

- seu sarcástico assistente Tom Haverford (Aziz Ansari);

- o atrapalhado, e mais zoado do departamento, Jerry Gergich (Jim O´Heir);

- a preguiçosa e soturna estagiária adolescente April Ludgate (Aubrey Plaza);


- e até mesmo seu chefe, o bigodudo Ron Swanson (Nick Offerman), o diretor do departamento que, apesar de trabalhar nele, sempre declara não acreditar no serviço público.

Sua estrutura de documentário dá um tom todo especial a série, que difere de outras sitcoms americanas por conter depoimentos de personagens pra câmera (que quase sempre são o inverso do que acontece na realidade), a quase ausência de trilha sonora e completa ausência de claques (aquelas risadas de fundo), o que pra mim já conta como grande ponto a favor dos mockumnetários.

Sem falar no constrangimento duplo que os personagens sofrem ao passar por situações inesperadas sabendo que tem uma câmera os filmando.

A série tem atualmente três temporadas, sendo que a terceira ainda está no início da exibição nos EUA. A primeira temporada foi experimental e teve apenas seis episódios, como as séries inglesas, mas a segunda já teve os 24 episódios de praxe das séries americanas. Aqui no Brasil, o canal Sony ainda exibe a segunda.

Uma série simpática e engraçadíssima, cheia de momentos de “vergonha alheia”, que lida com o dia-a-dia de típicos funcionários públicos, iguais nos EUA, no Brasil e em qualquer lugar.

Recomendado!

Valeu!

sábado, 29 de janeiro de 2011

Animê: Last Exile

O termo Steampunk foi cunhado no fim da década de 1980 pra definir histórias passadas no século XIX, mas com aparatos tecnológicos com base em vapor (daí o “steam”) e avançados demais pra época. 

Toda uma estética foi desenvolvida a partir de então e outras histórias que não se passavam no século XIX e muito menos na Terra puderam ser consideradas Steampunk por terem características do estilo. O animê (desenho animado japonês) Last Exile é uma delas.

Num mundo onde a água pura é escassa, a humanidade se abriga em cumes de montanhas e navios de guerra voadores são comuns, Claus Valca e Lavie Head são pilotos de Vanships ou Couriers (pequenos e velozes aviões de 2 lugares) que vivem de entregar mensagens e de participar de corridas na cidade onde vivem. 

Numa dessas corridas, um Courier abatido aparece de repente e o piloto, mortalmente ferido, pede que o casal assuma sua missão: levar a menina Alvis, alguns anos mais nova que os dois, até os cuidados de Alex Row, capitão do navio de guerra mais temido dos ares, o Silvana. A menina carrega consigo um grande mistério relacionado ao lendário Exílio, algo que existe dentro da região do planeta conhecida como Grande Fluxo, onde furacões e ciclones nunca cessam.

Apesar de não estar subordinado a nenhuma hierarquia militar, Alex Row navega com o Silvana em missão secreta para o imperador do reino de Anatoray, que há muito tempo está numa guerra com o reino vizinho Disith


Sua missão é tentar alcançar o Exílio para obter o segredo da tecnologia avançada da temida Guilda, uma sociedade a parte que vive em naves acima das nuvens agindo como juiz, júri e até executor para os reinos abaixo.

Essa é a sinopse mais resumida que consegui fazer pra dar apenas uma idéia da trama que permeia os 26 episódios do animê dirigido por Koichi Chigira e produzido pelo estúdio Gonzo (responsável por séries como Gantz, AfroSamurai, Full Metal Panic,  Samurai Girl e outros), que foi exibido em 2003 na TV japonesa e pouquíssimo tempo depois comprado pela TV americana.

Fugindo da tradição de começar primeiro nos mangás (quadrinhos japoneses) o desenho foi feito diretamente pra TV e apresenta um gigantesco investimento do estúdio que mesclou animação computadorizada em grande quantidade com a tradicional feita a mão. 

Ponto positivo para o trabalho dos desenhistas Range Murata e Mahiro Maeda que criaram desde talheres e objetos pequenos a cidades, figurinos e naves característicos dos três povos principais do animê. 

Tudo inspirado em estilos artísticos de países europeus no início do século XX. Segundo os próprios autores, o povo de Anatoray teve inspiração na Alemanha e os Disith na Rússia, por exemplo. Belíssimo trabalho de produção.

Como é comum nas tramas japonesas, a história começa bem simples, apresentando a dupla principal Claus e Lavie e aos poucos acrescenta outros personagens que vão se mostrando importantes e acrescentando complexidade a narrativa. 

Interessante é dizer que, como também é comum na Japão, mesmo os personagens aparentemente inócuos possuem motivações para fazerem o que fazem, ganhando profundidade e a simpatia do público conforme a história avança.
Um ponto negativo, se é que se pode dizer assim, é que os primeiros episódios gastam muito tempo na seqüência de situações que movem a trama só começando a apresentar algumas motivações, explicações ou mesmo desenvolvendo as relações entre os personagens depois de uns 7 ou 8 episódios. É quase como se os autores quisessem que o espectador se acostumasse com o mundo apresentado antes de explicar alguma coisa.

Ou seja, se você é um cara ansioso ou mesmo alguém que gosta de tudo mastigadinho esse anime não é para você. É claro que não é tão complexo e confuso quanto um Evangelion, por exemplo, mas, pra se ter uma idéia, todos os episódios são entitulados com referências a termos, movimentos ou peças do jogo de xadrez

Não existem muitas respostas óbvias na trama, que acaba se desenvolvendo numa ficção científica com colonização de planetas e terraformaçãomas fique tranquilo que tudo é explicado em algum momento do animê. 

Enquanto as respostas não vêm, existe uma grande chance de você ser conquistado e se pegar admirando o trabalho de produção, o design das naves, as emocionantes cenas de batalhas aéreas, as empolgantes corridas de Couriers (cheia de referências a Star Wars) e a simpatia dos personagens.

Um belo e instingante animê de ficção científica que se encaixa perfeitamente no gênero Steampunk e deve ser consumido pelos amantes do gênero sem moderação.

Ah! Ia me esquecendo: foi exibido aqui no Brasil pelo canal Animax em 2005 e é muito fácil de encontrar a ótima versão dublada disponível na rede.

Recomendado.

Valeu!

domingo, 31 de janeiro de 2010

Seriado: Carnivale (HBO, 2003-2005)

Difícil falar dessa série pela variedade dos assuntos nela presente.

Cavaleiros templários, profecias, strip-tease, poderes psíquicos, depressão econômica, curas milagrosas, aberrações, cartas de tarô e um circo envolto em misticismo. 

São alguns dos temas abordados na série Carnivale, umas das produções mais caras e elogiadas da HBO nessa década.

A série, exibida de 2003 a 2005, foi criada e produzida por Daniel Knauf

Teve apenas 24 episódios divididos em duas temporadas e conta duas histórias que começam paralelas, mas com elementos que vão aproximando-as cada vez mais.

Uma delas é a de Ben Hawkins (Nick Stahl), um jovem com poderes de cura que é acolhido por um circo (que dá nome a série). O circo é comandado pelo misterioso Gerente, que nunca sai de seu trailer e passa suas ordens pelo anão Samson (Michael J. Anderson), a única pessoa autorizada a vê-lo.

A outra é a história do Irmão Justin (Clancy Brown), pastor que comanda uma paróquia em uma cidadezinha da Califórnia. Justin tem poderes psíquicos e entra na mente das pessoas, nem sempre com boas intenções.

Ben e Justin são perturbados pelos mesmos sonhos que prenunciam algo terrível que está por vir.

Ambientada em 1934, num Estados Unidos pós-crise de 29, a série prima pela fidelidade com que retrata a sofrida vida dos americanos da época. A crise econômica deixou marcas profundas na sociedade americana e muitos foram obrigados a rever seus valores morais para conseguir por algum alimento em suas mesas. 

O show de strip-tease do circo, por exemplo, é comandado por uma família, em que o patriarca Stumpy (Toby Huss), apresenta sua esposa Rita Sue (Cynthia Ettinger) e as duas filhas para dançar para a platéia e eventualmente “receber” clientes especiais em troca do sustento.
A pobreza é elemento recorrente na série. Roupas sujas e rostos empoeirados permeiam todos os episódios com uma impressionante reconstrução de época por parte da produção. 

A série chegou a ter a maior estréia (até então) de uma série da HBO e custava 4 milhões de dólares por episódio só pra manter a qualidade da ambientação e o elenco fixo de 11 pessoas.
Ganhadora de vários prêmios, a série tem atores que não deixam nada a desejar, diga-se de passagem.

Michael J. Anderson, o anão Samson, é extremamente convincente como administrador do circo. Dá um show de atuação, sabendo ser sensível e firme nas horas certas. É uma pena que não existam mais papéis assim para pessoas como ele. Sua interpretação dos monólogos de introdução das temporadas é arrepiante.

Outro destaque é Clancy Brown, que fez o vilão Kurgan no primeiro filme do Highlander, interpretando um Irmão Justin dividido entre valores cristãos e a ambição crescente causada pela melhora no controle de suas habilidades.

Durante toda a série, Justin e Ben terão que aprender a controlar seus poderes e descobrir porque sonham um com o outro.

Uma série cheia de simbolismo onde nada é o que parece e muito menos explicado gratuitamente. 

Muitos espectadores alegaram ter abandonado a série na época da exibição por causa de sua intrincada mitologia, já que os escritores não perdiam tempo explicando tudo de novo a cada episódio.

Alguns jornalistas chegam a compará-la com LOST em termos de complexidade.

Apesar disso a série tem uma base de fãs fiéis que aumenta a cada divulgação dela pela internet. Pena que não teve mais episódios.

O conflito principal é resolvido no fim da 2ª. Temporada, mas são deixadas algumas pontas soltas que estenderiam a história.

O autor Daniel Knauf, não cansa de declarar que havia planejado 6 temporadas para a série. É uma pena que isso não ocorreu.

Seu cancelamento depois de duas temporadas se deveu em grande parte ao seu alto custo, já que o nível de espectadores se manteve bastante aceitável para uma série de tv a cabo.

Dá pra encontrar fácil para venda o box de DVDs com as duas temporadas completas da série.

Grande drama sobrenatural tanto pela produção e ambientação, quanto pela história complexa e intrigante, é o que esperar de Carnivale.

Recomendado!

Pra fechar o post, transcrevo o monólogo de Samson na abertura da série:

“Antes do início, depois da grande guerra entre Céu e Inferno, Deus criou a Terra e deu o domínio dela a um engenhoso macaco chamado Homem. 

Em cada geração tem nascido uma criatura de luz e uma de trevas. E grandes exércitos lutam a noite na antiga guerra entre o bem e o mal. 

Havia magia, então. Nobreza, e uma crueldade inimaginável. E assim foi, até o dia em que um falso sol explodiu sobre a trindade. 

E o homem, desde então, vaga pelo mundo, buscando uma razão.”

Valeu!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Livro e Seriado: True Blood

Morto até o Anoitecer (Dead Until Dark, 316 págs.) é o primeiro livro da série de vampiros sulistas americanos que é escrita por Charlaine Harris desde 2001.


Sookie Stackhouse é uma garçonete loira de 25 anos que sempre quis conhecer um vampiro.
Sua vontade só aumentou desde que os vampiros deixaram de ser lenda e decidiram vir a público depois da invenção de um sangue sintético plenamente funcional, há 4 anos.
O vampiro Bill Compton se estabelece em Bon Temps, cidadezinha (fictícia) do norte da Louisiana, e fica fascinado por aquela misteriosa garçonete que parece saber tudo o que os outros pensam, menos ele.
Acontece que Sookie é telepata e entre a atração que sente pelo silêncio da mente de Bill e o preconceito de seus amigos, ela vai ter que desvendar alguns violentos assassinatos e descobrir que os vampiros podem não ser os únicos seres estranhos que existem no mundo.

A invenção do sangue sintético que é usado como nutrição pelos vampiros, grande premissa da autora, dá muito pano pra manga, sendo que nem todos os vampiros estão dispostos a aderir a ele e parar de “caçar”, por assim dizer.

Um ponto interessante é que os adoradores de vampiros se tornam públicos chegando a cúmulo de se oferecer seu pescoço, e outras partes do corpo, promiscuamente para os vampiros apreciarem.

Outro ponto interessante é quando o sangue de um vampiro é ingerido pelos humanos, deixando-os mais rápidos, fortes, exuberantes e sexys, além de ter a capacidade de cura amplificada sem precisar serem transformados.

O livro em si contém uma trama de mistério clássica, cujo assassino só é revelado no final, mas acaba atraindo pelas revelações sobre poderes, métodos e hierarquias de vampiros, nesse mundo em que eles “saíram do caixão”, para usar um termo do livro.

Também surpreende o jeito que ela constrói a narrativa, em primeira pessoa na voz de Sookie, de maneira extremamente realista, mas de modo que perto do final ficamos sabendo que vampiros podem não ser os únicos seres sobrenaturais que não são lendas. Fica a promessa de encontros com bruxas, lobisomens e outras figuras míticas para os próximos volumes.

Um fato que pode entediar alguns leitores do sexo masculino é a insistência da autora em descrever com detalhes as roupas e acessórios que Sookie usa. Mas as cenas de sexo (que não podem faltar num bom romance de vampiro), apesar de narradas por um ponto de vista bem feminino, provavelmente agradarão a públicos diversos.

Um livro que se destaca por agradar vários públicos contendo ação, aventura e um mistério clássico num estilo realista, mas com um pano de fundo sobrenatural. Além de uma personagem principal independente, cativante e cheia de personalidade.

Recomendado!
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A primeira temporada da série True Blood, produzida e exibida pela HBO em 2008-2009, tem como base a mesma trama do primeiro livro, mas consegue ir muito além.

Tendo apenas doze episódios, metade de uma série regular americana, True Blood surpreende por expandir ainda mais o universo criado por Charlaine Harris (ao menos em relação ao primeiro livro) e se aprofundar com bastante propriedade nos mistérios e misticismos que envolvem a região sul dos Estados Unidos, mas sem abandonar o realismo que é marca da emissora.


Abandonando a narração em primeira pessoa de Sookie, que é interpretada por Anna Paquin, a série toma a liberdade de desenvolver mais os personagens secundários.

O irmão de Sookie, Jason (Ryan Kwanten) por exemplo, é um cara charmoso e de bom coração, mas muito menos inteligente que a irmã e que tem mania de estar sempre no lugar errado e com a pessoa errada.

A série aprofunda mais o mundo de regras dos vampiros, mostrando partes do passado de Bill (Stephen Moyer) e sua relação com outros vampiros. Inclusive ilustrando pontos que ficam obscuros no livro, que se limita ao ponto de vista de Sookie.

A participação do patrão de Sookie, Sam Merlotte (Sam Tramell), que esconde uma inesperada maldição, também é bastante aumentada na série.
Como não podia deixar de ser há algumas mudanças no enredo, principalmente em relação a quem faz o quê, mas isso não tira em nada o brilho da série.

A maior dessas mudanças, e a grande surpresa da série, é a desbocada personagem Tara Thorton (Rutina Wesley), que não existe no livro, e é a  melhor amiga de Sookie desde a infância.
Seu arco dramático, assim como o de Jason, é quase paralelo a trama principal, mas serve para enriquecer e dar credibilidade a história introduzindo tópicos como drogas, violência doméstica, curandeirismo, fanatismo religioso e outros assuntos tão peculiares tanto da Louisiana quanto de outras partes do mundo.

Vale lembrar que tanto Rutina Wesley, que interpreta Tara, e Anna Paquin, que interpreta Sookie, foram indicadas a vários prêmios de melhor atriz pela série, até que Anna acabou ganhando o Globo de Ouro do ano passado por atriz de série dramática.

O criador da série, que também age como produtor e escritor, Alan Ball foi responsável por outra série de sucesso da emissora A Sete Palmos (Six Feet Under), que contava a história de uma família dona de uma casa funerária e teve cinco temporadas, ou seja, é garantia de qualidade.

Importante citar que como uma série produzida pela HBO, True Blood, aborda vários assuntos polêmicos e mostra cenas de nudez e sexo, embora não seja nada de explícito ou pornográfico. Mesmo assim não é recomendada para menores ou pessoas de mente fraca.
Amor, mistério, sexo, vampiros e outros bichos, além de muito sangue, é o que esperar dessa série com grandes atuações e muito bem produzida pela HBO.

Recomendado!

Valeu!
Ps.: Pra quem se interessou, o segundo livro da série de Charlaine Harris, Vampiros em Dallas, já está a venda no Brasil e a terceira temporada de True Blood deve estrear em Junho de 2010 nos EUA.
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