O termo Steampunk foi cunhado no fim da década de 1980 pra definir histórias passadas no século XIX, mas com aparatos tecnológicos com base em vapor (daí o “steam”) e avançados demais pra época.
Toda uma estética foi desenvolvida a partir de então e outras histórias que não se passavam no século XIX e muito menos na Terra puderam ser consideradas Steampunk por terem características do estilo. O animê (desenho animado japonês) Last Exile é uma delas.
Num mundo onde a água pura é escassa, a humanidade se abriga em cumes de montanhas e navios de guerra voadores são comuns, Claus Valca e Lavie Head são pilotos de Vanships ou Couriers (pequenos e velozes aviões de 2 lugares) que vivem de entregar mensagens e de participar de corridas na cidade onde vivem.
Numa dessas corridas, um Courier abatido aparece de repente e o piloto, mortalmente ferido, pede que o casal assuma sua missão: levar a menina Alvis, alguns anos mais nova que os dois, até os cuidados de Alex Row, capitão do navio de guerra mais temido dos ares, o Silvana. A menina carrega consigo um grande mistério relacionado ao lendário Exílio, algo que existe dentro da região do planeta conhecida como Grande Fluxo, onde furacões e ciclones nunca cessam.
Apesar de não estar subordinado a nenhuma hierarquia militar, Alex Row navega com o Silvana em missão secreta para o imperador do reino de Anatoray, que há muito tempo está numa guerra com o reino vizinho Disith.
Sua missão é tentar alcançar o Exílio para obter o segredo da tecnologia avançada da temida Guilda, uma sociedade a parte que vive em naves acima das nuvens agindo como juiz, júri e até executor para os reinos abaixo.
Essa é a sinopse mais resumida que consegui fazer pra dar apenas uma idéia da trama que permeia os 26 episódios do animê dirigido por Koichi Chigira e produzido pelo estúdio Gonzo (responsável por séries como Gantz, AfroSamurai, Full Metal Panic, Samurai Girl e outros), que foi exibido em 2003 na TV japonesa e pouquíssimo tempo depois comprado pela TV americana.
Fugindo da tradição de começar primeiro nos mangás (quadrinhos japoneses) o desenho foi feito diretamente pra TV e apresenta um gigantesco investimento do estúdio que mesclou animação computadorizada em grande quantidade com a tradicional feita a mão.
Ponto positivo para o trabalho dos desenhistas Range Murata e Mahiro Maeda que criaram desde talheres e objetos pequenos a cidades, figurinos e naves característicos dos três povos principais do animê.
Tudo inspirado em estilos artísticos de países europeus no início do século XX. Segundo os próprios autores, o povo de Anatoray teve inspiração na Alemanha e os Disith na Rússia, por exemplo. Belíssimo trabalho de produção.
Como é comum nas tramas japonesas, a história começa bem simples, apresentando a dupla principal Claus e Lavie e aos poucos acrescenta outros personagens que vão se mostrando importantes e acrescentando complexidade a narrativa.
Interessante é dizer que, como também é comum na Japão, mesmo os personagens aparentemente inócuos possuem motivações para fazerem o que fazem, ganhando profundidade e a simpatia do público conforme a história avança.
Um ponto negativo, se é que se pode dizer assim, é que os primeiros episódios gastam muito tempo na seqüência de situações que movem a trama só começando a apresentar algumas motivações, explicações ou mesmo desenvolvendo as relações entre os personagens depois de uns 7 ou 8 episódios. É quase como se os autores quisessem que o espectador se acostumasse com o mundo apresentado antes de explicar alguma coisa.
Ou seja, se você é um cara ansioso ou mesmo alguém que gosta de tudo mastigadinho esse anime não é para você. É claro que não é tão complexo e confuso quanto um Evangelion, por exemplo, mas, pra se ter uma idéia, todos os episódios são entitulados com referências a termos, movimentos ou peças do jogo de xadrez.
Não existem muitas respostas óbvias na trama, que acaba se desenvolvendo numa ficção científica com colonização de planetas e terraformação, mas fique tranquilo que tudo é explicado em algum momento do animê.
Enquanto as respostas não vêm, existe uma grande chance de você ser conquistado e se pegar admirando o trabalho de produção, o design das naves, as emocionantes cenas de batalhas aéreas, as empolgantes corridas de Couriers (cheia de referências a Star Wars) e a simpatia dos personagens.
Um belo e instingante animê de ficção científica que se encaixa perfeitamente no gênero Steampunk e deve ser consumido pelos amantes do gênero sem moderação.
Ah! Ia me esquecendo: foi exibido aqui no Brasil pelo canal Animax em 2005 e é muito fácil de encontrar a ótima versão dublada disponível na rede.
Recomendado.
Valeu!
2 comentários:
Parece ser bem bacana! Vou ver se consigo assistir a algum episódio, gostei da dica! :-)
Fiz um post em meu blog steampunk a respeito:
http://cidadephantastica.blogspot.com/2011/02/dica-de-anime-steamer-last-exile.html
Abraço!
Primo, meus parabéns! Seus textos estão melhorando ainda mais! claros e concisos, portanto, ótimos!
Abs.
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