Toda atriz verdadeiramente talentosa tem um momento na carreira de esquecer o pudor e nos fazer felizes exibindo um pouco mais de sua intimidade por um papel.
Algumas não dão muito certo como Leandra Leal e Paola de Oliveira (só pra citar filmes que eu já resenhei aqui), mas outras até que geram bons resultados como aconteceu com Anne Hathaway em Amor & Outras Drogas (Love and Other Drugs, 2011) do diretor Edward Zwick.
Jamie (Jake Gyllenhaal) é um vendedor extremamente simpático e charmoso que, após ser pego com a mulher do chefe, acaba sendo demitido da loja de eletrônicos onde trabalhava. Vindo de uma família de médicos e sem vontade de terminar a faculdade, resolve aceitar a proposta do irmão de lhe conseguir um cargo como representante de indústria farmacêutica.
É trabalhando nisso que conhece Maggie (Anne Hathaway) uma jovem e alegre artista plástica que foi diagnosticada com Mal de Parkinson muito cedo. Fica logo interessado, mas Maggie só quer saber de viver relacionamentos baseados em sexo e quando Jamie começa a se apaixonar começam a aparecer os problemas.
É trabalhando nisso que conhece Maggie (Anne Hathaway) uma jovem e alegre artista plástica que foi diagnosticada com Mal de Parkinson muito cedo. Fica logo interessado, mas Maggie só quer saber de viver relacionamentos baseados em sexo e quando Jamie começa a se apaixonar começam a aparecer os problemas.
O roteiro, escrito pelo próprio diretor com mais dois colaboradores, foi inspirado no livro Hard Sell: The Evolution of a Viagra Salesman de James Reidy que conta os bastidores da indústria farmacêutica e do lobby feito por elas na venda de remédios com ênfase na criação do Viagra nos anos 90.
Com uma estrutura não-convencional para comédias românticas, a trama investe bastante tempo revelando os bastidores da venda e aceitação direta de novos remédios e inova ao conseguir fazer isso sem cansar o espectador, alternando explicações e discussões relevantes com as reações engraçadas e situações inusitadas vividas por Jamie ao adentrar nesse mundo novo.
A película ainda consegue não tomar (muito) partido na guerra não-declarada entre essas empresas e o povo.
À todo momento médicos recitam os males de remédios prescritos sem necessidade e Jamie chega até a sofrer um efeito colateral do Viagra em uma seqüência. Tudo, é claro, mostrado sem sair do tom leve e divertido do filme.
À todo momento médicos recitam os males de remédios prescritos sem necessidade e Jamie chega até a sofrer um efeito colateral do Viagra em uma seqüência. Tudo, é claro, mostrado sem sair do tom leve e divertido do filme.
Seria bom se o roteiro conseguisse manter esse charme inesperado o tempo inteiro, mas acaba não conseguindo fugir da fórmula de comédias românticas em seu terceiro ato, apelando pra cartilha: separação-reecontro-sacrifício-reaproximação-felicidade.
É claro que até chegar nesse final cafona, o espectador provavelmente já estará cativado pela simpatia de Jake Gyllenhaal e pelo carisma e sensualidade de Anne Hathaway, que esboçam uma química bem convincente na telona.
Voltando a frase inicial dessa resenha, o destaque de atuação vai pra Hathaway, a estrela do filme com seus olhos gigantescamente expressivos que ainda consegue esbanjar sinceridade tanto nas cenas com roupa quanto nas que está sem (e não são poucas).
A quem se perguntou: não há nu frontal ou mesmo cenas de mau-gosto, mas peitos descobertos e bunda aparecendo são recorrentes.
A direção competente de Zwick não tem virtuosismos de edição ou jogo de câmeras, preferindo (acertadamente) assumir sempre planos mais comuns e deixar todo o trabalho de contagem da história e conquista do espectador nas mãos dos atores.
Como o filme se passa em 1996, há uma tentativa da direção de arte para recriar a época fazendo Jamie carregar pagers e celulares grandes ou mesmo fazendo Maggie vestir roupas rasgadas e com estampas xadrez, mas não vai muito além disso e logo o espectador se esquece que o filme se passa nos anos 90.
Uma pena, pois uma época cultural tão heterogênea merecia ser melhor retratada na telona.
Uma pena, pois uma época cultural tão heterogênea merecia ser melhor retratada na telona.
Um filme bem divertido que informa e incita a discussão sobre a indústria farmacêutica, regado com várias cenas de sexo e que você só vai lembrar que é comédia romântica no final.
Recomendado.
Valeu!
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