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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Filme: Amor & Outras Drogas

Toda atriz verdadeiramente talentosa tem um momento na carreira de esquecer o pudor e nos fazer felizes exibindo um pouco mais de sua intimidade por um papel. 

Algumas não dão muito certo como Leandra Leal e Paola de Oliveira (só pra citar filmes que eu já resenhei aqui), mas outras até que geram bons resultados como aconteceu com Anne Hathaway em Amor & Outras Drogas (Love and Other Drugs, 2011) do diretor  Edward Zwick.

Jamie (Jake Gyllenhaal) é um vendedor extremamente simpático e charmoso que, após ser pego com a mulher do chefe, acaba sendo demitido da loja de eletrônicos onde trabalhava. Vindo de uma família de médicos e sem vontade de terminar a faculdade, resolve aceitar a proposta do irmão de lhe conseguir um cargo como representante de indústria farmacêutica.
É trabalhando nisso que conhece Maggie (Anne Hathaway) uma jovem e alegre artista plástica que foi diagnosticada com Mal de Parkinson muito cedo. Fica logo interessado, mas Maggie só quer saber de viver relacionamentos baseados em sexo e quando Jamie começa a se apaixonar começam a aparecer os problemas.

O roteiro, escrito pelo próprio diretor com mais dois colaboradores, foi inspirado no livro Hard Sell: The Evolution of a Viagra Salesman de James Reidy que conta os bastidores da indústria farmacêutica e do lobby feito por elas na venda de remédios com ênfase na criação do Viagra nos anos 90. 

Com uma estrutura não-convencional para comédias românticas, a trama investe bastante tempo revelando os bastidores da venda e aceitação direta de novos remédios e inova ao conseguir fazer isso sem cansar o espectador, alternando explicações e discussões relevantes com as reações engraçadas e situações inusitadas vividas por Jamie ao adentrar nesse mundo novo. 

A película ainda consegue não tomar (muito) partido na guerra não-declarada entre essas empresas e o povo.

À todo momento médicos recitam os males de remédios prescritos sem necessidade e Jamie chega até a sofrer um efeito colateral do Viagra em uma seqüência. Tudo, é claro, mostrado sem sair do tom leve e divertido do filme.

Seria bom se o roteiro conseguisse manter esse charme inesperado o tempo inteiro, mas acaba não conseguindo fugir da fórmula de comédias românticas em seu terceiro ato, apelando pra cartilha: separação-reecontro-sacrifício-reaproximação-felicidade.

É claro que até chegar nesse final cafona, o espectador provavelmente já estará cativado pela simpatia de Jake Gyllenhaal e pelo carisma e sensualidade de Anne Hathaway, que esboçam uma química bem convincente na telona.

Voltando a frase inicial dessa resenha, o destaque de atuação vai pra Hathaway, a estrela do filme com seus olhos gigantescamente expressivos que ainda consegue esbanjar sinceridade tanto nas cenas com roupa quanto nas que está sem (e não são poucas).

A quem se perguntou: não há nu frontal ou mesmo cenas de mau-gosto, mas peitos descobertos e bunda aparecendo são recorrentes.

A direção competente de Zwick não tem virtuosismos de edição ou jogo de câmeras, preferindo (acertadamente) assumir sempre planos mais comuns e deixar todo o trabalho de contagem da história e conquista do espectador nas mãos dos atores.

Como o filme se passa em 1996, há uma tentativa da direção de arte para recriar a época fazendo Jamie carregar pagers e celulares grandes ou mesmo fazendo Maggie vestir roupas rasgadas e com estampas xadrez, mas não vai muito além disso e logo o espectador se esquece que o filme se passa nos anos 90.

Uma pena, pois uma época cultural tão heterogênea merecia ser melhor retratada na telona.

Um filme bem divertido que informa e incita a discussão sobre a indústria farmacêutica, regado com várias cenas de sexo e que você só vai lembrar que é comédia romântica no final.

Recomendado.

Valeu!

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