Ótimo faroeste + Boa comédia + Bela animação infantil = Rango (2011), o novo filme do diretor Gore Verbinski, responsável pela franquia Piratas do Caribe, e a primeira animação em longa metragem produzida pela IL&M, produtora de George Lucas, o criador de Star Wars.
Rango é um solitário camaleão doméstico com aspirações a dramaturgo e ator que sofre um acidente de carro e acaba perdido no meio do deserto de Nevada. Vai parar na cidadezinha de Poeira, onde outros animais vivem no estilo do velho oeste e, numa tentativa de re-inventar, se torna o xerife da cidade, que sofre com políticos corruptos, criminosos violentos e, principalmente, a falta de água.
O roteiro de John Logan é redondinho e segue a cartilha das animações infantis a risca com a jornada do herói cheia de personagens marcantes. Surpreende por conseguir integrar as piadas e homenagens (que não são poucas) de forma orgânica à narrativa, ou seja, não há desvio na trama principal somente para uma única piada como é feito em várias comédias populares da atualidade.
Outro ponto importante é o texto, bem mais elaborado que o de animações infantis comuns, o que soa como um elemento coringa no filme, podendo conquistar mais adultos do que crianças.
O fato de Rango ser um aspirante a ator, por exemplo, rende um ótimo momento metalingüístico no início do filme que provavelmente pouquíssimas crianças entenderão.
Caracterização perfeita que abusa de cores sóbrias nos rostos sujos e roupas surradas no primeiro ato para ilustrar belamente a dificuldade passada pelos habitantes da cidade, que acabam entrando em contraste com o tom vivo das roupas e pele de Rango e mudando gradativamente a paleta de cores conforme o filme avança.
A animação, muitíssimo bem trabalhada, impressiona absurdamente no nível dos detalhes de cada personagem. É possível, por exemplo, ver cada ruga da tartaruga Prefeito ou cada pêlo no rosto do coala Seu Colher, só pra citar alguns exemplos.
Os detalhes impressionam tanto que, ao final da sessão é inevitável que se pense que, fazendo algumas adaptações, a animação funcionaria muito bem com seres humanos no lugar de animais.
A fotografia ajuda muito nesse sentido. Destaque para as cenas de cavalgada sob o Sol ou sob a Lua ou mesmo aos enquadramentos em horas de crepúsculo. Todas grandes homenagens aos antigos faroestes.
Voltando as homenagens, elas estão por todo o filme e vão desde aparições do jornalista Hunter S. Thompson e do ator Clint Eastwood, passando pela caracterização dos vilões (imagens cuspidas de John Houston e Lee Van Cleef), até o toque da Cavalgada das Valquírias na seqüência de perseguição com morcegos.
A trilha sonora é um caso a parte, toda trabalhada em clássicos de faroestes italianos, favorece bem a tensão e expectativa de cada cena. Extremamente empolgante!
Uma grande animação da IL&M que, com o olhar sensível de Verbinski, pode conquistar crianças e, principalmente, a adultos com suas várias referências a faroestes e comédias antigas muitíssimo bem adaptadas a realidade atual.
Recomendado!
Valeu!
3 comentários:
Desde já, Rango é cotado como uma das melhores animações de 2011. Acho difícil aparecer tantas outras este ano para fazer-me esquecer deste brilhante filme, que traz um roteiro atual e crítico sobre a questão do problema da água (ou a falta dela) no planeta.
Fiquei com vontade de ver!
Gostei do filme, mas em muitos momentos senti que a trama resolvia de forma muito rápida os conflitos, e a própria explicação final não fica clara.
Também acho que está longe de ser um filme infantil, devido as referências e os diálogos.
Para quem é fã de westerns é imperdível esse filme.
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