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terça-feira, 7 de junho de 2011

Filme: X-Men - Primeira Classe

Quando a Fox Filmes anunciou que o quinto filme da franquia X-men ia mostrar a juventude dos heróis mutantes muito se especulou sobre seu conteúdo e vários fãs torceram o nariz. 

Quando saíram as primeiras fotos com figurinos toscos parecia que o barco ia mesmo afundar, mas o que aconteceu foi exatamente o contrário

O diretor Matthew Vaughn, cujos dois últimos filmes foram os ótimos Stardust e Kick-Ass (resenhados por mim aqui e aqui), mostrou que ainda não perdeu a mão quando se trata de ação, heróis e fantasia em X-men : Primeira Classe (X-men: First Class, 2011).

Em plena Guerra Fria, um jovem Charles Xavier (James McAvoy) é recrutado pela CIA (Agência Central de Inteligência) para formar uma equipe e deter um grupo de mutantes liderados por Sebastian Shaw (Kevin Bacon) que planeja começar uma guerra entre os EUA e a URSS. Nesse meio tempo ele faz amizade com o futuro Magneto, Erik Lehnsherr (Michael Fassbender), que quer se vingar de Shaw por ele ter assassinado sua mãe nos idos da 2ª Guerra Mundial.

Começando exatamente após a descoberta dos poderes de Magneto em 1944 (inclusive com a mesma cena do primeiro filme dos X-men reproduzida quadro-a-quadro), esse novo filme já tem o trunfo de remeter diretamente às origens do supergrupo de mutantes tanto nos quadrinhos, quanto no cinema.

Reproduz com sucesso todo o clima dramático do primeiro filme, cujo diretor Bryan Singer aqui vira produtor, e ainda consegue superá-lo nas cenas de ação melhor coreografadas e editadas.

A questão do preconceito e aceitação de uma nova raça volta a baila e é brilhantemente situada nos anos 1960, época de várias conflitos e revoluções ao redor do mundo. A crise dos mísseis em Cuba, por exemplo, ganha uma significação toda especial com a presença dos mutantes no desfecho do filme.

O diretor e os produtores mostraram coragem e ousadia ao escolher um grupo de mutantes quase que totalmente novos para serem utilizados no filme. Apenas três personagens dos filmes anteriores reaparecem em suas versões mais jovens, os já citados Professor X e Magneto, e também a metamorfa Mística (aqui interpretada por Jennifer Lawrence). 

E mesmo com todo o pano de fundo de recrutamento e espionagem ainda sobra tempo pra desenvolver os personagens-chave, através de cenas breves que mostram a descoberta dos poderes de Charles e Eric e, já quando adultos, seus constantes embates filosóficos sobre a posição que deviam ocupar no mundo. Tudo isso enquanto conversam recrutando, treinando os poderes ou jogando xadrez

A jovem Mística (que quase não falava nos filmes anteriores) ganha muitos diálogos, sentimentos conflitantes e um arco próprio que (dividida entre o Professor e Magneto) poderia resumir a linha dramática do filme. 

Todos os três atores desse trio estão muito bem em seus papéis, mas o destaque vai mesmo para Michael Fassbender e o ódio contido do futuro Magneto, nítidos em suas expressões faciais e dureza corporal.

Menção honrosa para a divertida e obstinada Moira MacTaggert de Rose Byrne, pro tímido e reprimido Hank McCoy de Nicholas Hoult (que vira o selvagem Fera) e para o poderoso psicopata alegre Sebastian Shaw, cujo intérprete Kevin Bacon se mostra extremamente a vontade no papel.

Ponto positivo também para as seqüências de ação, extremamente bem coreografadas e editadas, como já disse acima.

No clímax do filme, por exemplo, o diretor consegue dividir a ação em três frentes distintas que se apresentam de forma brilhantemente alternada sem prejuízo de compreensão para o espectador.

Além disso, o diretor mostra que sabe do assunto em várias cenas. Destaque para a seqüência de transformação de Hank McCoy, num belo uso da nervosa câmera subjetiva em que a gente “vê” com os olhos do personagem.

E também ao mostrar ao mesmo tempo, em alguns diálogos-chave do filme, os rostos dos dois personagens envolvidos através do reflexo em superfícies espelhadas sem precisar dividir a tela ao meio, recurso que dilui a experiência de imersão do espectador.

Sem sombra de dúvida o melhor filme da franquia até agora, que se desenvolve belamente se apoiando no clima do primeiro filme e em apenas dois dos personagens mais populares do grupo. 

Apesar disso, Ciclope e Tempestade tem pequenas aparições e Wolverine, novamente interpretado por Hugh Jackman, tem até uma fala, mas nada que interfira na narrativa e provavelmente aconteceu só pra agradar aos fãs mais ardorosos.

Vingança, preconceito, ética, política e ação (muita ação) envolvidos no contexto histórico de incertezas da Guerra Fria é o que esperar desse ÓTIMO filme.

Recomendadíssimo!

Valeu!

2 comentários:

Mutante disse...

Realmente, não me empolguei muito com o material de divulgação, mas após assistir eu recomendo a todos, está no mesmo patamar de X-Men2.

Anderson Siqueira disse...

Gostei bastante. Melhor de todos, na minha opinião. Ótimas atuações, roteiro, efeitos visuais. Uma surpresa.

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