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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Cenas Favoritas: O Cavaleiro das Trevas

Um amigo comentou um post antigo sobre algumas das minhas cenas preferidas nas HQs outro dia e isso me fez lembrar que nesses mais de 20 anos de leitor de quadrinhos ainda existem muitas cenas que me arrepiaram nas HQs.

Uma em especial faz parte dessa minissérie em 4 edições do Batman chamada O Cavaleiro das Trevas (Dark Knight Returns).

A própria série tem muitas cenas memoráveis.

Lançada originalmente em 1986 (chegou aqui em 1987), a série até hoje é lembrada como um marco na história das HQs, e também é considerada por muitos como a melhor história do Batman de todos os tempos.

Foi escrita e desenhada por um jovem Frank Miller, que mais tarde seria o aclamado autor de Sin City e 300 (ambos transformados em filmes de sucesso).

Numa época onde o Batman não andava bem das pernas nos quadrinhos (e na mídia em geral já que o sucesso do seriado de TV dos anos 60 tinha tirado muito da dignidade do personagem), a editora DCComics apostou todas as fichas dando total liberdade ao Miller pra imaginar como seria o futuro do Homem-Morcego.

E ele não fez feio.

Num futuro não muito distante, Bruce Wayne será apenas um senhor de 55 anos aposentado que passa os dias tentando levar uma vida comum em Gotham City. Já faz mais de 10 anos que ninguém avista o Batman ou nenhum outro vigilante em qualquer lugar do mundo devido a uma rigorosa lei que proíbe o vigilantismo.

Mas, como sempre, existe algo de podre em Gotham City. A violência aumenta desenfreadamente. Uma gangue de criminosos ultraviolentos chamada Mutantes está tomando de assalto a cidade e seu líder atraí a cada dia mais jovens para o grupo.

Bruce Wayne decide não ficar parado vendo sua cidade ruir e decide vestir seu uniforme mais uma vez. O problema é ele não malha pra valer há 10 anos, ou seja, está muito fora de forma.

Mas ainda consegue fazer uma brincadeira. Impede alguns assaltos aqui. Dá surra em alguns mutantes ali. Tudo justificado pelo seu senso justiça que só pode ser classificado como psicótico-sádico-obssessivo.

Ele já não é mais o mesmo de antes. Ainda odeia armas de fogo, impede crimes e não se vê capaz de tirar uma vida, mas não vê mal algum em causar dor, ou mesmo aleijar alguém que merece.

Não deixou de ser um herói e salvar vidas, mas ele não luta mais pra proteger os inocentes, e sim pra acalmar seu demônio interno que ficou reprimido durante 10 anos.É aí que as coisas começam a complicar.

A polícia o caça como a um criminoso.
Ele adota uma jovem menina como nova Robin.
Velhos amigos reaparecem para tentar convencê-lo a parar.

E antigos inimigos ressurgem motivados pelo desejo de matá-lo.

É antológica a cena do Coringa acordando de um estado catatônico no Asilo Arkham depois de ouvir sobre a volta do Batman na TV.

Mas essa ainda não é a minha cena favorita.

Eu devia ter uns seis anos de idade quando vi essa revista na banca. Talvez nem soubesse ler direito, mas a imagem da capa me impactou. Batman era o meu herói favorito. É só conversar com minha mãe que ela te conta uma história de como eu fui pra escola três dias seguidos fantasiado de batman aos quatro ou cinco anos de idade.

Meu pai me comprou a revista e, apesar de ter demorado alguns anos pra entender a história, as imagens que vi nela foram combustível pra várias brincadeiras entre meu irmão e eu por muitos anos.

Mas, voltando ao assunto, é aí que entra minha cena favorita da história.

O governo, cansado de ver o Batman escapar da polícia e começar a ser aclamado pelo povo em programas de TV, decide pegar pesado e mandar um velho amigo pra cuidar dele. Contacta o repórter Clark Kent, vulgo Super-homem.

O Super-homem esteve agindo pro governo todos esses anos, utilizando seus poderes para não ser filmado, fotogrado ou mesmo detectado com precisão por nenhum aparelho eletrônico ou olhos curiosos. Então ele segue as ordens do governo e vai atrás do Batman.

Só que Bruce se prepara pra ele. Constrói uma armadura ultra-resistente e manda avisar a Clark que esperaria por ele no local onde seus pais foram mortos.

Super chega ao local na hora marcada e tenta convencer Bruce a parar de agir como vigilante para o bem da América. Batman não o escuta e rapidamente o ataca com uma arma de som. Superman sangra pelo nariz, mas consegue jogar Batman em direção a um poste.

Era tudo que ele queria. Batman se conecta a um plugue que já havia preparado no poste e energiza sua armadura com a eletricidade de toda a cidade. O Super-homem se aproxima e é eletrocutado por milhões de volts de energia. Fica de joelhos e então Batman aproveita para espancá-lo.É aí que entra minha cena favorita.

Bruce (já sem capacete) dá uma senhora surra em Clark enquanto desfere as famosas palavras:
"...Eu quero... que você se lembre, Clark... Em todos os anos que estão por vir... Nos seus momentos mais íntimos... Eu quero que você se lembre... da minha mão... na sua garganta... Eu quero... que se lembre... Do único homem que derrotou você...".

É então que o coração de Bruce pára.

E ele cai aos pés de um ferido e perplexo Super-homem.

Mas é claro que a história não acaba aí. E eu não vou contar mais pra não estragar o final.

Lembro das palavras até hoje.

E Batman derrotando Super-homem foi muito empolgante. Ainda é.

Sem dúvida é uma HQ que ficará pra história por ter redefinido o Batman pro final do século XX e os quadrinhos de um modo geral pelo estilo da narrativa aproveitada e imitada infinitas vezes depois em vários outros personagens.

As cenas que contam a situação da cidade através de comentários dos cidadãos nos programas de TV é uma das que já foram muito plagiadas por aí.
É uma HQ muito elogiada por tratar de política (em particular da Guerra Fria) e também por retratar de forma bastante competente o lado psicológico dos personagens, através de seus pensamentos mais intímos.

O próprio Miller foi contratado meses depois para escrever uma nova história pra origem do Batman nos quadrinhos e essa história, chamada Batman: Ano Um, foi a base pra um dos melhores filmes de heróis de todos os tempos: Batman Begins (aquele de 2006 com Christian Bale) e sua continuação Cavaleiro das Trevas (de 2008 onde o já falecido Heath Ledger levou o Coringa a novas alturas).

A série já teve três ou quatro republicações aqui no Brasil.
A última é de 2007 e junta toda a série num mesmo volume encadernado junto com sua continuação(de 2002), que de tão ruim não é digna nem de uma de citação.Ganhei essa edição de presente da minha namorada há dois anos e guardo com carinho e destaque na minha estante.

Quem gosta do personagem e quer se dizer conhecedor de quadrinhos tem que ler essa história.

Valeu!

Um comentário:

Anônimo disse...

É sempre bom a gente ler alguém falando sobre uma paixão com desenvoltura e domínio do texto, quando a gente tem pelo menos um mínimo de respeito e simpatia pelo assunto. Mas tenho que admitir que o Batman e a DC, de um modo geral, não fazem minha cabeça. Não consigo levar a sério uma editora cujo principal (ou um dos principais heróis) não é reconhecido, mesmo mostrando o rosto para as mesmas pessoas em ação e com sua identidade secreta, só por causa de óculos e uma leve diferença no penteado.
Mas o fato é que a gente fica com vontade de ler, de conhecer a obra, depois de ver o Arnaldo falando sobre ela. Eu sei como é ter uma cena marcante em uma história de seu herói favorito. Ainda tenho em minhas retinas tão fatigadas momentos-chave na vida do Homem-Aranha, como a morte de Gwen Stacy, a descoberta da identidade secreta do Duende Macabro na Alemanha ou o desfecho da saga do Devorador de Pecados, onde o Demolidor impediu que o Aranha matasse (mas não que aleijasse, como bem lembrou o Arnaldo que o Batman fazia sem peso na consciência) o famigerado criminoso. Mesmo estando há anos sem acompanhar quadrinhos, por diversos motivos, eles continuam sendo uma paixão e o Arnaldo uma grande referência no assunto.
Falando um pouco do filme do Batman, o Coringa ficou bom, mas sei lá, não acho também que foi isso tudo (talvez por preconceito com a DC). Também não sei se é justo dizer que a indicação de Heath Ledgher foi só por ele ter morrido, como uma homenagem póstuma. Não sei se a Academia tem essas bobagens. Mas é um bom filme sim.
Pra não ficar só elogiando o Arnaldo, se eu fosse falar com a mãe dele ia perguntar como ela deixou ele pagar esse mico de ficar indo pra escola com roupa de Batman. Tudo bem que ele era criança, mas tudo tem limite. rsrs
Bem, acho q é isso, meu amigo. Reclamou que eu não escrevia. Agora só falta reclamar que eu escrevi demais. rsrs
Um abraço.

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