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segunda-feira, 1 de junho de 2009

Dica de Filme: Frost / Nixon

Quem me conhece bem sabe que de uns cinco anos pra cá eu me tornei um apreciador de História. Grandes passagens da História pra ser mais exato.

Esse foi o motivo pelo qual, apesar de ser professor de Matemática, eu ter me interessado em assistir o filme de que falarei a seguir.

Frost / Nixon é um filme de 2008 dirigido por Ron Howard (o mesmo de Uma Mente Brilhante e o Código Da Vinci).

Com o roteiro de Peter Morgan, baseado numa peça escrita por ele mesmo, o filme conta a história da famosa entrevista de Richard Nixon dada ao apresentador inglês David Frost em 1977.

Pra quem não sabe Richard M. Nixon foi 37º presidente americano e o único que renunciou a presidência em 1974 após um escândalo de proporções nacionais o tornar ameaçado de impecheament (quase o que aconteceu com Collor aqui).

A entrevista ocorreu alguns anos depois de sua renúncia e o povo americano pôde vê-lo finalmente falar francamente sobre o escândalo Watergate e sua parcela de culpa na história.
O filme começa com cenas reais de telejornais da época que tentam dar um panorama do que foi o escândalo. Essas cenas são intercaladas pela preparação de filmagem para a renúncia oficial do presidente.

David Frost (Michael Sheen) está na Austrália apresentando um de seus programas semanais enquanto assiste a despedida de Nixon (Frank Lagella) pela televisão. É aí que ele tem a idéia de entrevistá-lo e vemos sua luta e preparação para isso durante toda a primeira metade do filme.

Frost era uma espécie de Gugu Liberato da época e apresentava programas na Inglaterra, Austrália e EUA. Ninguém acreditava que ele seria capaz de indagar e levar Nixon a falar francamente sobre os polêmicos detalhes de seu afastamento e o roteiro gasta boa parte do filme para construir esse descrédito a Frost através de falas e ações de personagens.
Por outro lado Nixon é colocado como um homem esperto, oportunista e ligado a dinheiro que, apesar de não ter perdido sua fortuna nem suas regalias, vivia amargurando para outros sua infelicidade. Em uma cena clara no início do filme ele se diz extremamente infeliz com sua aposentadoria precoce enquanto um empregado empurra sua cadeira pelo lindo jardim ensolarado de sua mansão californiana a beira-mar.É um ponto interessante de se notar assim como sua primeira aparição onde vemos seu rosto de frente ser na tela de uma TV denotando a distância que o espectador, assim como o americano médio da época, devia sentir do personagem.

O diretor Ron Howard constrói a história competentemente, mas abusa um pouco de recursos visuais como tirar uma mesma imagem de foco e colocar me foco de novo pra mostrar um indício de confusão dos personagens.

Se sai bem simulando lentes de câmera de TV ao mostrar um Nixon com a imagem duplicada em alguns trechos da entrevista, o que faz o espectador duvidar se aquele homem estaria falando a verdade.

Frank Lagella constrói um Nixon perfeito enquanto abusa (no bom sentido) da voz grave e de expressões contidas do presidente para construir subtextos em várias cenas. Por exemplo, quando alguém lhe conta que Frost quase casou com uma negra ele dá um baixo resmungo de surpresa e apenas levanta as sombracelhas, indicando o racismo do povo americano.

Lagella cumpre maravilhosamente a tarefa de tornar humano essa figura lendária da história americana. Tanto que foi indicado ao Oscar pelo papel.

Michael Sheen faz um Frost um pouco descontraído e afetado demais pelo respeito a lenda do presidente americano, mas consegue cumprir seu papel de contraponto a Nixon conforme a narrativa avança.

Há uma tentativa do roteiro de dar um aspecto documental a história quando em vários momentos do filme somos confrontados com depoimentos de personagens coadjuvantes que tentam explicar (muitas vezes desnecessariamente) os sentimentos dos protagonistas e também o que houve antes e depois da narrativa do filme.Também é clara a analogia com luta de boxe feita por um dos personagens e mantida pelo ritmo de cenas da narrativa depois de começada a entrevista.

No geral é um bom filme com uma atuação impecável (alguns diriam sobrenatural) de Frank Lagella, e um grande confronto psicológico sobre um dos mais polêmicos episódios da história americana recente.

Recomendado.

Valeu!

Um comentário:

Anderson Siqueira disse...

Olá Duda! Sou da Comunidade do Cinema em Cena. Vi o link pro seu blog e aqui estou. "Frost/Nixon" eu assisti e posso dizer que foi um daqueles filmes que me prenderam a atenção do início ao fim.

NOTA (0 a 5): 4
****

P.S.: adicionei o seu blog no meu: cinestesiabh.blogspot.com

Um abraço e sucesso!
=)

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