Que diferença faz um gene recessivo ou dominante para determinar a cor dos nossos olhos?
Nenhuma do ponto de vista moral.
Alguma do ponto de vista biológico.
Aparentemente muita do ponto de vista social.
Nenhuma do ponto de vista moral.
Alguma do ponto de vista biológico.
Aparentemente muita do ponto de vista social.
É quase isso de que se trata Olhos Azuis, novo filme do diretor brasileiro José Jofilly, que ficou famoso por ter dirigido filmes como Bete Balanço, Quem matou Pixote?, Dois perdidos numa noite suja e vários outros.

A história é contada em dois tempos mostrados paralelamente. Um deles mostra o último dia de Marshall antes da aposentadoria no aeroporto JFK em Nova York, e o outro já o mostra em Recife a procura de uma menina que tem obsessão em encontrar.
Roteiro estruturado num argumento do próprio diretor, apesar de escrito por Paulo Halm e Melanie Dimantas, e baseado em humilhações recentes sofridas por imigrantes e viajantes por conta do preconceito e medo dos norte-americanos desde o 11 de setembro de 2001.
Peca um pouco pelo excesso de lugares comuns, o que é inevitável, visto que muitos já ouviram uma história de vergonha passada em aeroporto internacional. Também deixa um pouco a desejar em alguns diálogos expositivos que soam forçados.
Apesar disso, consegue trabalhar bem o drama e a tensão necessários a história e aprofundar satisfatoriamente os personagens, sendo bastante sincero e verossímil ao evocar o preconceito e diferença entre as culturas dos EUA e da América Latina.

O elenco de apoio internacional foi muito bem escolhido e fica difícil falar de alguém em separado já que todos estiveram muito bem.
Desde o casal de argentinos (Hector Bordoni e Valeria Lorca), passando pela jovem cubana (Branca Messina) e pelos oficiais americanos (Frank Grillo e Erica Gimpel), cada um com sua história bem embasada pelo roteiro e com atores que não deixaram a desejar em seus papéis.
Desde o casal de argentinos (Hector Bordoni e Valeria Lorca), passando pela jovem cubana (Branca Messina) e pelos oficiais americanos (Frank Grillo e Erica Gimpel), cada um com sua história bem embasada pelo roteiro e com atores que não deixaram a desejar em seus papéis.
Cristina Lago, que interpreta a prostituta Bia na fase brasileira da trama, “patina” um pouco no inglês (o que talvez seja requisito do personagem), mas demonstra uma alegria e leveza (e até certa seriedade) autêntica que serve de ótimo contraponto a melancolia de Marshall.
David Rasche, mais conhecido pelo seriado Na Mira do Tira (em que interpretava o durão Sledge Hammer nos anos 80), faz um Marshall em duas fases distintas, com semblantes completamente diferentes em cada uma. Se mostra um ótimo ator praticamente levando o filme nas costas, o que prova que é bastante subestimado em seus papéis televisivos.


A direção está de parabéns por conseguir estabelecer tons perfeitos para o filme, principalmente ao escolher a câmera trêmula nos momentos de tensão.
Ponto positivo para a fotografia e iluminação ao conseguirem passar um sentimento claustrofóbico na sala de espera da alfândega americana em contraste com a amplidão dos cenários do Brasil.

Recomendado!
Não posso me despedir sem antes agradecer ao diretor José Joffily e a Coevo filmes (em especial a Anita) pelo convite para assistir (de graça) a uma pré-estréia exclusiva para blogueiros.
São iniciativas inteligentes como essa que faltam ao cinema nacional para ajudar a dar fim ao preconceito de que filme brasileiro não é bom.
Não perca esse filme!
E que venham mais convites!
Valeu!
2 comentários:
Eu também indico o filme! Vi no Festival do Rio e acho um dos melhores filmes dessa temporada.
Só uma coisa, esse "patinar no inglês" é claro que é um requisito da personagem, se a Bia não patinasse nada não ia ficar crível. Adorei a interpretação da Cristina Lago, ela consegue ser doce e forte ao mesmo tempo, e cresce muito ao longo do filme. Acho que ela é a nova promessa do nosso cinema.
Indico: O MUNDO IMAGINÁRIO DO DR. PARNASSUS. (The Imaginarium of Doctor Parnassus,
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