Um antigo ditado chinês diz: “Burro é aquele que não aprende. Inteligente é quem aprende com os próprios erros. Sábio é quem aprende com o erro dos outros.”Eu poderia resumir assim o filme Primavera, verão, outono, inverno... e Primavera (Bom yeoreum gaeul gyeoul geurigo bom, 2003), uma co-produção Coréia do Sul/Alemanha, ganhadora de 11 prêmios internacionais, escrita e dirigida pelo coreano Kim Ki-Duk.
Um velho monge cria sozinho um garoto num pequeno templo budista construído no meio de um lago cercado de montanhas. A cada estação que passa, o garoto cresce e aprende. Infelizmente, aprende mais com os seus próprios erros do que com os dos outros.Roteiro estruturado nas estações do ano com um conto quase independente (com início,meio e fim) por estação, apesar de centrados no jovem monge, sua relação com o mestre e com outras pessoas enquanto ele vai crescendo e conhecendo a vida.
Entre cada estação da narrativa parece se passar um intervalo de 10 anos, portanto o jovem monge é interpretado por quatro atores diferentes.
E são atores que não deixam nada a desejar no quesito interpretação, desde a criança cruel e emotiva, até o adulto maduro que não fala muito (interpretado pelo próprio Kim Ki-Duk).
E são atores que não deixam nada a desejar no quesito interpretação, desde a criança cruel e emotiva, até o adulto maduro que não fala muito (interpretado pelo próprio Kim Ki-Duk).
E por falar nisso, o filme não é nem um pouco verborrágico, muito pelo contrário, os diálogos são todos pontuais e econômicos.
Boa escolha do diretor que, ao contar a história mais pelas imagens do que pelos diálogos, espelha, além de um bom domínio narrativo-visual, o Nobre Caminho Óctuplo (ou Caminho do Meio) estabelecido por Buda em sua doutrina que, entre outras coisas, busca sempre moderação e harmonia. Falar somente quando necessário é uma das práticas do budismo.
Harmonia essa alcançada explendidamente pela trilha sonora, orquestrada num estilo clássico com alguns instrumentos orientais e cânticos budistas. É difícil separar a imagem da música, que faz um papel de narradora e tradutora de emoções quando não existem diálogos, ou seja, grande parte do filme. Um casamento perfeito.A fotografia belíssima foi ajudada principalmente pela escolha da locação, um lago na Coréia do Sul onde todas as estações do ano são bem definidas.
A direção firme e sensível de Kim Ki-Duk administra e agrupa muito bem todos esses fatores, construindo um belo filme.
Uma história claramente budista, mas que exibe e transmite emoções universais, surpreendendo por não ter um tom didático e deixar o entendimento quase todo pela compreensão do espectador.
Um lindo filme, bastante econômico nos diálogos, filmados em uma belíssima locação e que ensina que a vida nem sempre é o que a gente espera (ainda mais se lutarmos contra a corrente) é o que esperar de Primavera, verão, outono, inverno... e Primavera.
Recomendado!
Valeu!





Um comentário:
Achei o filme bonito e o comentei ainda agora em um blog chamado cine-asia, creio. Mas, apesar de eu ter gostado, não apreciei, como você, a interpretação de todos os atores, não. O jovem que retorna, já um assassino, não me agradou em termos de interpretação. Na verdade, o ódio dele não convence. Ele fica melhor quando se despe do ódio, então volta à intepretação dos pequenos sinais, que acho um mérito nesse filme.
Um abraço,
Ana Claudia
Postar um comentário