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segunda-feira, 10 de maio de 2010

Filme: Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera

Um antigo ditado chinês diz: “Burro é aquele que não aprende. Inteligente é quem aprende com os próprios erros. Sábio é quem aprende com o erro dos outros.”

Eu poderia resumir assim o filme Primavera, verão, outono, inverno... e Primavera (Bom yeoreum gaeul gyeoul geurigo bom, 2003), uma co-produção Coréia do Sul/Alemanha, ganhadora de 11 prêmios internacionais, escrita e dirigida pelo coreano Kim Ki-Duk.

Um velho monge cria sozinho um garoto num pequeno templo budista construído no meio de um lago cercado de montanhas. A cada estação que passa, o garoto cresce e aprende. Infelizmente, aprende mais com os seus próprios erros do que com os dos outros.

Roteiro estruturado nas estações do ano com um conto quase independente (com início,meio e fim) por estação, apesar de centrados no jovem monge, sua relação com o mestre e com outras pessoas enquanto ele vai crescendo e conhecendo a vida.

Entre cada estação da narrativa parece se passar um intervalo de 10 anos, portanto o jovem monge é interpretado por quatro atores diferentes.

E são atores que não deixam nada a desejar no quesito interpretação, desde a criança cruel e emotiva, até o adulto maduro que não fala muito (interpretado pelo próprio Kim Ki-Duk).

E por falar nisso, o filme não é nem um pouco verborrágico, muito pelo contrário, os diálogos são todos pontuais e econômicos

Boa escolha do diretor que, ao contar a história mais pelas imagens do que pelos diálogos, espelha, além de um bom domínio narrativo-visual, o Nobre Caminho Óctuplo (ou Caminho do Meio) estabelecido por Buda em sua doutrina que, entre outras coisas, busca sempre moderação e harmonia. Falar somente quando necessário é uma das práticas do budismo.

Harmonia essa alcançada explendidamente pela trilha sonora, orquestrada num estilo clássico com alguns instrumentos orientais e cânticos budistas. É difícil separar a imagem da música, que faz um papel de narradora e tradutora de emoções quando não existem diálogos, ou seja, grande parte do filme. Um casamento perfeito.

A fotografia belíssima foi ajudada principalmente pela escolha da locação, um lago na Coréia do Sul onde todas as estações do ano são bem definidas.

A direção firme e sensível de Kim Ki-Duk administra e agrupa muito bem todos esses fatores, construindo um belo filme.

Uma história claramente budista, mas que exibe e transmite emoções universais, surpreendendo por não ter um tom didático e deixar o entendimento quase todo pela compreensão do espectador.

Um lindo filme, bastante econômico nos diálogos, filmados em uma belíssima locação e que ensina que a vida nem sempre é o que a gente espera (ainda mais se lutarmos contra a corrente) é o que esperar de Primavera, verão, outono, inverno... e Primavera.

Recomendado!

Valeu!

Um comentário:

Ana Claudia disse...

Achei o filme bonito e o comentei ainda agora em um blog chamado cine-asia, creio. Mas, apesar de eu ter gostado, não apreciei, como você, a interpretação de todos os atores, não. O jovem que retorna, já um assassino, não me agradou em termos de interpretação. Na verdade, o ódio dele não convence. Ele fica melhor quando se despe do ódio, então volta à intepretação dos pequenos sinais, que acho um mérito nesse filme.
Um abraço,
Ana Claudia

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