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terça-feira, 11 de maio de 2010

Livro: O Evangelho de Judas

Conhece a história do homem que traiu seu mestre por trinta moedas de prata?
E a do homem que era o mais fiel dos discípulos e só fez o que o mestre queria?

E se eu disser que os dois homens são a mesma pessoa? O apóstolo de Jesus conhecido por Judas Iscariotes.

A segunda visão para as ações de Judas, a mais polêmica por sinal, é a que é exposta e discutida no livro O Evangelho de Judas - do códice Tchacos (185 pág., 2006) da editora National Geographic.

O códice Tchacos é um pergaminho antigo encontrado numa escavação clandestina no Egito em 1978. Conforme é explicado no livro, o Códice ficou guardado num cofre durante quase vinte anos, enquanto seu dono tentava arrumar um comprador que pagasse o preço exorbitante que ele cobrava.

Ele só veio a tona em 2001 quando uma fundação sem fins lucrativos, a Maecenas Foundation for Ancient Art, conseguiu sua posse para efetuar a restauração e tradução de seu texto. 

Em 2004, o professor Rodolphe Kasser, um dos chefes da equipe responsável pelo texto, veio a público, com o apoio da National Geographic, para relatar suas descobertas. 

Foram encontrados 4 textos independentes nas 66 páginas do pergaminho. Três com versões já encontradas em outras escavações, como as de Nag Hammadi e as do Mar Morto, e um que causou furor na comunidade mundial, que se intitulava o Evangelho de Judas e compreendia 25 páginas do Códice.

Um texto cuja existência histórica já era conhecida por ter sido citado por um dos primeiros bispos da Igreja, Irineu de Lyon, em seu tratado Contra as Heresias, publicado no ano de 180 d.C.. Nesse tratado Irineu critica duramente O Evangelho de Judas e outros textos gnósticos (palavra grega para conhecimento) cristãos por apresentarem visões diferentes da história de Cristo apresentadas nos evangelhos tidos como oficiais.

O texto é apresentado na íntegra, mas tem várias falhas em seu desenrolar devido ao estado precário (como podemos comprovar nas fotos) em que o pergaminho se encontrava. 

Nele, Judas é o único discípulo que teve a coragem de se colocar diante de Jesus quando ele pediu e, mesmo desviando o olhar ao encará-lo, reconheceu-o como filho do Espírito invisível, um ser que estaria acima do criador do céu e da Terra (considerado uma divindade menor em textos gnósticos). É então que Jesus reconhece nele a fagulha divina, algo que só poucos humanos detém, e decide revelar-lhe mistérios secretos que não contaria aos outros apóstolos.

Jesus lhe revela uma outra história para a criação do mundo, diferente da exposta no Antigo Testamento. Em meados do texto Judas conta a Jesus da visão que teve de ser apedrejado pelos outros apóstolos e Jesus lhe confessa: “Mas suplantarás a todos eles. Pois sacrificarás o homem que me veste.”

O evangelho em si é bastante curto, mas o livro contém quatro textos/comentários explicativos por especialistas que estiveram envolvidos em alguma fase da restauração e tradução do Códice Tchacos. Todos eles bem escritos e indispensáveis para quem quer saber mais sobre o assunto.

O primeiro é do próprio Rodolphe Kasser em que expõe seu dificílimo trabalho para restaurar e traduzir o texto e tenta contar a história dos mais de vinte anos em que o Códice levou para chegar as suas mãos. Já havia sido publicado na revista da National Geographic.

O segundo comentário é de Bart D. Ehrman em que tenta expor a importância e avaliar o impacto que um texto desse teria se levado a sério pela Igreja Católica e toda a comunidade cristã mundial.

O terceiro é de Gregor Wurst em que faz comparações do texto do evangelho com os comentários feitos por Irineu de Lyon no seu famoso tratado Contra as Heresias.

O quarto comentário é de Marvin Meyer e relaciona o evangelho de Judas a outros textos gnósticos cristãos (ou cristãos esotéricos) como os de Nag Hammadi.

Necessário dizer que esses quatro escritores/comentaristas são professores de universidades conceituadas, todos eles com Ph.D. em suas áreas de atuação, que vão desde História Antiga a línguas mortas e estudos bíblicos.

O códice Tchacos foi comprovado como verdadeiro por testes realizados por vários especialistas. Um deles é o teste da datação química por carbono 14 que situa o papel como produzido por volta de 280 d.C. e a tinta por volta da primeira metade do século IV (301 a 400 d.C.). E vários especialistas em copta (língua do texto) situam o estilo da escrita nessa mesma época.

Um livro essencial pra quem gosta de história do Cristianismo e não se importa de conhecer outras versões para um mesmo tema. Afinal, o que importa é a mensagem de amor e compaixão que a história passa e não como ela é contada.

Valeu!

Um comentário:

Anônimo disse...

Esta é uma boa e verdadeira história, para quem busca e gosta. Mas esta é apenas aquela pequena parte do iceberg, que aparece acima d'água. Outras melhores ainda não afloraram, mas ressurgirão. Muito bom o texto do seu blog, faço apenas duas pequenas contribuições. Uma é histórica :
A Igreja (Católica) só veio a existir após o ano 325 DC, quando da "conversão" (conchavo político) do imperador romano, Constantino (Obama da época). Observe a contradição : "Igreja Católica APOSTÓLICA ROMANA". "Católica"
quer dizer universal (hoje, seria "multinacional"), então não seria "Romana", e vice-versa, se é "Romana" não poderia ser "Católica".
Portanto o bispo Irineu (de Lyon, França) não era da Igreja, nem romana, nem católica. Na época de Irineu, 180 DC, haviam líderes (bispos) cristãos Gnósticos (de tendência Gnóstica) e os de tendência ortodoxa (caso do bispo Irineu). Somente 145 anos depois, que bispos de tendência ortodoxa (que têm regras, e receitas)
se coligaram para organizar a Igreja Católica e passaram a perseguir os cristãos Gnósticos (Cristianismo Interior, sem regras), considerados como
"subversivos", que lutavam "contra"
o "Sistema".
Faço a sugestão da leitura e divulgação do livro "Os Evangelhos Gnósticos de Nag Hamadi" da Phd de história (Un. de Colúmbia, EUA) Dra. Elaine Pagels, apesar de nele, ela não explicitar o comentário feito acima.
É bom lembrar que Jesus, O Senhor, disse e agiu acordemente : " Meu Reino não é deste mundo."

A segunda contribuição, é na área sutil Gnóstica-Neo-Humana : Todo ser humano tem uma Fagulha Divina, ou Centelha Divina, ou Átomo Centelha do Espírito, que fica situada no ápice do ventrículo direito do nosso
principal órgão da Vida : O Coração, que tem quatro câmaras, duas à esquerda e duas à direita. Todos as pessoas A detêm, mas apenas uns poucos humanos sabem disso, e menos ainda são os humanos que têm CONSCIÊNCIA
interior de Sua Centelha Viva (Alma Imortal). Comumente só temos consciência de nossa alma mortal, pois a Alma Imortal é mantida adormecida desde a queda da humanidade. Judas Iscariotes era consciente disso.
Como vimos no filme MATRIX, existe um outro campo de vida real da Humanidade-Alma, e nós estamos aqui aprisionados e aprisionando nossa Centelha (Consciência) numa irrealidade transitória organizada : MATRIX.
André

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